Por melhores que sejam nossos cuidados, mais ricos que sejam nossos produtos ou mais apurada a nossa técnica, parece chegar um momento em que nossos cabelos empacam em determinado comprimento. Temos a impressão, então, de que nossos fios chegaram ao seu limite de tamanho, o qual não será jamais ultrapassado. Normalmente, este suposto limite é a altura dos ombros: tanto naturais quanto alisadas encontram dificuldades em fazer os cabelos crescerem além disso.
É importante saber que o cabelo possui
fases de crescimento. E sim, ele também possui um comprimento terminal. Isso significa que o fio de cabelo nascerá, crescerá por alguns anos e após isso permanecerá neste comprimento por mais algum tempo, caindo em seguida. Mas não se preocupe porque você não ficará careca! Seus fios não caem todos de uma vez. É como nossas sobrancelhas ou cílios – de vez em quando cai um fiozinho na nossa mão ou no nosso rosto.
O limite de tamanho que cada pessoa atingirá com seus fios será ditado pela genética. Porém, nem sempre damos chance ao nosso cabelo de chegar ao seu comprimento terminal. O cabelo crespo e encarapinhado é mais frágil e seco do que outros tipos de cabelo, quebrando com facilidade ao ser penteado, por exemplo. Apesar de ser um processo quase imperceptível, essa quebra constante pode ser o equivalente a um corte de cabelo, fazendo com que seus fios estacionem em determinado tamanho e de lá não passem.
Por isso, por mais gentis que sejamos, determinadas práticas necessárias do dia-a-dia contribuem para que nossos fios se mantenham estacionados em determinado comprimento. Pesquisando as rotinas das naturalistas de cabelos compridos da internet, percebi que quase todas elas atribuem os seus muitos centímetros capilares a
técnicas de baixa manipulação dos fios. Em outras palavras elas, de alguma forma, mantêm os cabelos presos durante a maior parte do tempo. Mas não são presos de qualquer jeito. Estamos falando de penteados específicos, os
penteados protetores, que ajudam a preservar o fio do atrito com as roupas, com o corpo e dos agentes agressivos externos, como o vento, a poeira, a poluição, o sol e a umidade.
Os penteados protetores são sempre pensados e executados tendo em mente os seguintes objetivos:
1. Devem poder ser mantidos por um período significativo de tempo, que varia de alguns dias a várias semanas. Isto é importantíssimo para diminuir a necessidade de manipulação do cabelo. Se cada vez que você penteia seus fios eles correm o risco de quebrar, a estratégia deve ser mantê-los de forma que não embaracem para que se possa pentear o mínimo possível.
2. Devem “guardar” as pontas dos cabelos, que são a parte mais frágil, mais antiga e que foi, portanto, mais exposta a tudo o que há de ruim no ambiente: ao clima, aos pentes, às escovas, às suas mãos, aos acessórios que você usa... As pontas sempre devem ter atenção especial e por vezes, além de um capricho na hora de aplicar os produtos, elas também precisam de proteção física.
3. Devem manter o cabelo longe do contato com o seu corpo, seus ombros e suas roupas. Se o objetivo é a baixa manipulação dos fios, não há motivo para substituir a sua mão pela gola da sua camisa... Pode parecer bobeira, mas o atrito diário entre as pontas frágeis dos seus fios com as suas roupas causa danos lentos, cumulativos e reais.
Existem inúmeras possibilidades de penteados protetores. O mais simples deles é o coque. Funciona em cabelos médios e longos, ou seja, justamente aqueles que chegaram na altura do ombro e possivelmente não conseguirão passar deste ponto. É o meu penteado favorito e pode ser mantido por até sete dias.
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Meu coque semanal: meus cachinhos permanecem, o que significa que o penteado não está apertado |
Além do coque, há também opções para cabelos de qualquer tamanho, como os twists e as tranças (soltas ou rasteiras). Os twists e as tranças devem ser feitos mais frouxos, de forma a não tracionar os fios, para que não acarretem em alopecia por tração. Os twists e as tranças soltas, preferencialmente, não devem receber aplique (aqueles do tipo "kanecalom" ou outro tipo de cabelo sintético) e podem ser deixados por até oito semanas; as tranças rasteiras devem ser refeitas, de preferência, semanalmente.
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Tranças rasteiras |
E fora esses, há os penteados que a sua imaginação permitir, lembrando sempre das regras: deve poder ser mantido por vários dias, deve guardar as pontas dos cabelos e deve se manter longe do contato com seu corpo e suas roupas.
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Apesar de ainda ter algumas pontas expostas, esta pode ser uma idéia para um penteado protetor |
É importante também que, à noite, seus fios continuem protegidos. Nessa hora, vale lançar mão da fronha, da touquinha ou do lenço de cetim. E não se esqueça de que o penteado protetor deve ser confortável o suficiente para que você possa dormir com ele! Se sentir seus fios muito repuxados ou algum acessório pinicando sua cabeça, desmanche, durma confortavelmente e, na manhã seguinte invente outro penteado, até achar aquele ao qual você mais se adapta.
ATENÇÃO, ATENÇÃO!
Já que o objetivo é preservar nossos fios e mantê-los hidratados, é muito importante que, antes de fazer qualquer penteado, você hidrate e trate adequadamente dos seus cabelos. Nunca faça o penteado no cabelo já ressecado, sujo ou embaraçado!
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Março de 2011 |
No meu caso, os penteados protetores foram cruciais para atingir o comprimento que tenho hoje em meus cabelos. Devido ao grande encolhimento, meus fios quando secos batem justamente nos meus ombros, o ponto de atrito da discórdia das naturalistas mundo afora.
Percebendo que especialmente os fios da frente e laterais, que mantêm contato direto com meus ombros, pareciam, além de “estacionados”, mais agredidos e ressecados, resolvi adotar penteados protetores de segunda a sexta, os dias em que passo mais tempo fora de casa, trabalhando e estudando.
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Novembro de 2011 |
E não é que, para minha surpresa, a estratégia realmente deu certo? Considerando que eu não corto os cabelos há quase quatro anos, minhas pontas já estavam pedindo socorro, apesar de todos os cuidados que tinha. Na foto ao lado, acho que fica bem nítido como as pontas laterais, que na foto acima estavam em petição de miséria, conseguiram ultrapassar a barreira do ombro e se aproximaram, em tamanho, da parte de trás do cabelo. Adotar penteados protetores no meu dia-a-dia deu às minhas pontas uma sobrevida maior, e ao comprimento do meu cabelo uma preservação incrível.
Para não ter a desculpa da falta de criatividade, vou deixar alguns
links de penteados protetores bem legais aqui embaixo. Não se prenda aos produtos que estejam eventualmente sendo usados; o importante é o "como fazer" e não o que usar. Ah, e além de
protegerem o cabelo, esses penteados podem ser ótimas opções para eventos mais
formais - com alguns acessórios você vai do trabalho a uma festa num
piscar de olhos!