quarta-feira, 28 de março de 2012

Quando a crítica vem daqueles que amamos

 
O processo de transição é um momento difícil. Como qualquer mudança na vida, assumir os cabelos crespos envolve autoaceitação física e psicológica, sendo um período de reinvenção de nós mesmas.

Da mesma forma que a mudança nos afeta, ela afeta também as pessoas que nos cercam. Assim como demoramos um tempo até nos acostumarmos com nosso novo “eu”, as pessoas próximas a nós também precisam de um tempo para processar essa mudança, especialmente se passamos a maior parte da vida com os cabelos relaxados ou alisados.

Por vezes, justamente aqueles que mais amamos (nossos familiares, amigos, parceiro) fazem comentários nem sempre agradáveis – quando não realmente duros e incisivos – “você precisa se cuidar”, “tem que arrumar esse cabelo duro”, “isso está horrível, faz uma escova”... Esse tipo de comentário não é nada animador e pode nos fazer balançar na nossa decisão de retorno ao natural.

Dizer simplesmente para alguém em transição não se importar com esse tipo de crítica é inútil. Todos nós sabemos como as críticas afetam o ego, a autoestima – especialmente aquelas críticas vindas de pessoas importantes para nós. Então, o que fazer numa situação dessas?

Informe-se. Saiba o que é nocivo e o que é benéfico não só aos seus cabelos, mas também à sua saúde em geral. Produtos para alisamento e relaxamento dos cabelos danificam não só seus fios, trazendo ressecamento e quebra, e seu couro cabeludo, com queimaduras e irritação, mas há também evidências que ligam essas substâncias a uma série de doenças, como miomas e puberdade precoce nas meninas. Progressivas contém formaldeído, substância utilizada para conservar cadáveres (!!!) e responsável por causar problemas respiratórios sérios. Não há como saber os efeitos, em longo prazo, de substâncias potencialmente venenosas aplicadas em nosso corpo em pequenas, mas regulares doses. Informação correta se transforma em argumento embasado àqueles que não apoiam sua decisão. Quem sabe depois disso eles não vejam os alisantes com mais cautela também?

Abra-se. Se você tem uma relação de honestidade e confiança com essas pessoas, por que não abrir seu coração e falar a elas como esse tipo de comentário fere seu coração? Seja sincera e explique como você se sente. Esclareça as dificuldades inerentes à transição, à autoaceitação, à indefinição momentânea da sua imagem corporal. Diga o quanto você gostaria de obter o apoio das pessoas as quais mais ama e como esse suporte facilitará o processo de mudança.

Conecte-se. Há uma grande comunidade de naturalistas, em fóruns, blogs e sites internet afora. São pessoas de várias partes do mundo, vivendo em diferentes culturas, com diferentes costumes, mas com uma experiência em comum: a da redescoberta do cabelo naturalmente crespo e encarapinhado. Se as pessoas diretamente ligadas a você não conseguem entender seu ponto de vista, compartilhe seus anseios, suas angústias, mas também suas conquistas e seus momentos felizes com suas irmãs naturais. Além de dicas e suporte, você ainda pode fazer novas e boas amigas não só “de cabelos”, mas para a vida toda.

domingo, 25 de março de 2012

Turbinando sua rotina com óleos vegetais


Nós sabemos da importância dos óleos vegetais e de como é interessante procurar produtos que contenham  essas substâncias em sua composição. Mas também sabemos que, para os cabelos crespos e encarapinhados, muito nunca é demais: a concentração de óleos nos produtos pode ser insuficiente para suprir as necessidades dos nossos fios. Diante disso, o que fazer? Em casos assim, podemos pedir a ajuda extra dos óleos vegetais puros, in natura.
 
É importante que os óleos sejam 100% vegetais, ou seja, não contenham aditivos nem outros produtos que fazem "render", como óleo mineral ou silicones. Eles podem ser encontrados tanto em lojas físicas (como diversas filiais da Mundo Verde) e em lojas virtuais (como a By Samia e a Sabão e Glicerina). Alguns óleos, por serem tradicionalmente usados na culinária, são inclusive achados em supermercados (alguém falou no azeite de oliva extra virgem?). Por isso, não há desculpa para não experimentar os óleos vegetais caso ache que seu cabelo esteja precisando de um up.

Existem diversas formas de utilizar os óleos nos nossos cabelos. Vamos ver algumas delas:

Misturando às máscaras de tratamento
É uma ótima opção para quem tem receio de ficar com os fios muito pegajosos ou oleosos. Basta acrescentar uma pequena quantidade de óleo vegetal à máscara de tratamento (apenas à quantidade que será usada naquele momento!) e aplicar a mistura no cabelo, respeitando o modo de uso habitual da máscara (tempo de pausa e enxágue). A quantidade de óleo você irá descobrir com o tempo: comece com algumas gotas e vá aumentando (ou diminuindo) de acordo com a reação do seu cabelo.

Misturando ao condicionador ou leave-in
Bom uso para quem tem os fios muito sedentos. O óleo será misturado ao leave-in ou ao condicionador que se usa para deixar no cabelo. A quantidade misturada também deverá corresponder apenas a que será utilizada no momento (nunca misture óleo no vidro de condicionador!). Novamente, a quantidade varia de acordo com o tipo de óleo e com a capacidade de absorção dos seus fios.

Em umectações
Umectação consiste na aplicação de óleo nos fios de cabelo secos, e sua posterior retirada, após determinado tempo. Há quem prefira aplicar à noite e só retirar no dia seguinte, e há quem ache melhor aplicar e retirar no mesmo dia, após algumas horas. O que importa é cobrir todos os fios com óleo e aproveitar para massagear o couro cabeludo também. A retirada do óleo poderá ser feita com xampu. Se os seus fios estiverem precisando muito de umectação, eles vão absorver o óleo e um condicionador já dará conta da limpeza. A umectação não precisa ser feita necessariamente nos cabelos e couro cabeludo limpos, mas não podem estar sujos a ponto de o óleo não conseguir penetrar no cabelo. Para esta técnica, são interessantes os óleos mais espessos, como óleo de abacate e de rícino.

No cabelo seco, como "reparador de pontas"
Uma ótima forma de utilizar óleo no day after. Uma pequena quantidade de óleo nos dedos e palmas das mãos basta para desgrudar aqueles cachos amassados do travesseiro, ou pra ajudar a quebrar o "durinho" do creme de pentear/condicionador depois que o cabelo está 100% seco. Neste caso, são muito bons os óleos mais fininhos, como o de macadâmia, argan ou andiroba. Ou talvez você prefira um óleo mais consistente, como o azeite de oliva extra-virgem, ou ainda a manteiga de karité derretida no calor da palma da mão. Vai depender da espessura do seu fio e da textura do seu cabelo.

No cabelo molhado, como selante de hidratação
Algumas blogueiras gurus do cabelo natural, como a Chicoro, utilizam os óleos como selantes no cabelo molhado, logo após a lavagem. Por cima do óleo viria então o leave-in (ou o condicionador que você usa como leave-in). Há quem prefira aplicar o óleo após o leave-in, para selar inclusive este produto nos fios. Experimente as duas formas e veja a qual você melhor se adapta.

No couro cabeludo
Apesar de assustar à primeira vista, aplicar óleo vegetal no couro cabeludo pode ser ótimo pra quem sofre de descamação da pele desta região. Por ele ficar sempre coberto pelos fios de cabelo, até esquecemos que também é nossa pele que está ali e que, portanto, sofre de ressecamento como qualquer outra parte do corpo. Experimente usar um sabonete bem detergente e não usar hidratante na pele do seu corpo por alguns dias. Adivinhe o que vai acontecer? Pele seca, "craquelada", rachada... O mesmo ocorre debaixo dos caracóis dos seus cabelos. Às vezes, mesmo um xampu sem sulfatos pode ser por demais agressivo ao couro, que precisará de uma hidratação extra. Como os óleos vegetais, diferentemente do óleo mineral, são facilmente absorvidos pela nossa pele, podemos usá-los no couro cabeludo. Óleo de jojoba, que é bem leve, é melhor pra quem deseja iniciar nessa técnica. Ele não pesa e é rapidamente absorvido por ser bem semelhante ao sebo natural produzido pelo organismo. Para as mais experientes, óleo de rícino e óleo de coco são simplesmente ideais para acabar com a descamação e, de quebra, fortalecer as raízes e os bulbos capilares. Algumas gotas nas pontas dos dedos e uma boa massagem já fazem o serviço!


Eu utilizo óleos misturando-os ao condicionador. Após estilizar e deixar secar, meus cabelos absorvem tudinho e não ficam nem um pouco gosmentos. Dependendo do tipo de óleo (mais viscoso, mais líquido), eu uso de uma colher de chá a uma colher de sobremesa de óleo adicionada à porção de condicionador necessária para uma estilização. Também uso óleos vegetais aplicados diretamente no couro cabeludo e, de fato, isso resolveu meu problema de descamação! No momento tenho utilizado no couro uma misturinha poderosa de óleo de rícino, jojoba, eucalipto e algumas gotinhas de óleo essencial de tea tree (melaleuca).


Você pode combinar várias técnicas dessas, ou utilizar um só. Recomendo começar aos poucos pra você descobrir qual óleo e qual técnica agradam mais ao seu cabelo. Às vezes, dois ou mais óleos combinados podem fazer milagres por um cabelo que, aparentemente, não tem mais jeito. O fato é que existem óleos para todos os gostos e todos os usos - e o seu cabelo agradecerá!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Óleos vegetais e suas propriedades

Óleo de rícino


Sabemos que achar o condicionador, máscara de tratamento e leave-in corretos é uma tarefa árdua, mas fundamental. Além de servirem para manter nossos cabelos modelados e arrumados ao longo do dia, é importante também que contenham ingredientes ricos, que "alimentem" adequadamente nossos fios.
  
 
Os óleos vegetais são ingredientes importantíssimos em qualquer produto para cabelos. São extraídos, como o próprio nome diz, de plantas, geralmente das sementes. Já comentamos que eles possuem dupla função: além de nutrirem os fios, pois são ricos em vitaminas, ainda funcionam como selantes, retendo a hidratação no cabelo por mais tempo. Cada óleo possui uma propriedade diferente. Por isso, é interessante procurar produtos com diferentes óleos vegetais em sua composição.

Vejamos alguns óleos e seus benefícios para o cabelo. Como sempre, coloco também o nome em inglês, para facilitar a identificação ao ler os rótulos dos produtos:

Óleo de rícino (castor oil) - engrossa e fortalece o fio, contribuindo para seu crescimento. Ajuda também no combate ao frizz e às pontas duplas, além de prevenir infecções por bactérias e fungos no couro cabeludo.

Óleo de abacate (avocado oil) - contém altíssimo teor de vitaminas A e E, aminoácidos e ácidos graxos muito parecidos com aqueles naturalmente encontrados na nossa pele. Doa brilho e fortalece os fios.

Óleo de oliva (olive oil) - nada mais nada menos que o azeite extra-virgem. Ótimo para hidratação, para fortalecer os fios e combater a perda de cabelo.

Óleo de coco (coconut oil) - previne a caspa, promove crescimento capilar, fortalece e engrossa os fios Já existem estudos mostrando que o óleo de coco efetivamente penetra no fio de cabelo, prevenindo e reparando danos, função semelhante à das proteínas dos tratamentos reconstrutores.

Óleo de jojoba (jojoba oil) - contém vitamina E e antioxidantes, que preservam a cor e a integridade dos cabelos. Por ser bastante escorregadio, mas não grudento, é ótimo para ajudar a desembaraçar os fios.  Sua composição química é bastante similar à do sebum natural excretado pela pele e pelo couro cabeludo. Auxilia na regeneração e cicatrização cutânea.
 
Manteiga de karité (shea butter) - é uma substância oleosa que, quando em seu estado natural, fica sólida em temperatura ambiente, mas pode se liquefazer em tempos de calor. Contém vitamina A e E. Absorve a radiação UV, o que a torna um protetor solar ótimo para os cabelos. É a queridinha das naturalistas encarapinhadas pelo planeta!

Óleo de argan (argan oil) - um óleo de mil e uma utilidades! Além de ser ótimo para a pele e para as unhas, nutre o cabelo, auxiliando na maleabilidade e a fortalecer os fios.

Além destes, todos muito bem cotados pelas naturalistas blogueiras de todas as partes do mundo, existem muitos outros óleos: macadâmia, andiroba, castanha-do-pará, girassol, semente de uva, linhaça...

Dê uma olhada nos seus produtos favoritos e veja se algum deles leva óleo vegetal na composição. Alguns desses óleos batizam linhas de produtos de tratamento de cabelos, como você bem deve ter identificado. Outros talvez você nem imaginaria que servissem para o benefício de seus fios, mas vale a pena experimentar!

domingo, 18 de março de 2012

Lendo a letra miúda (parte 2)

E mais um fim de semana chega com a parte final da série sobre ingredientes dos produtos para cabelo. Na primeira parte falamos sobre os xampus, como vocês devem se lembrar. Agora veremos os ingredientes para os produtos de tratamento: condicionadores, máscaras, leave-ins... Lembrando da regrinha dos cinco primeiros ingredientes: se você está procurando por um produto com o ingrediente X, veja se ele se encontra entre os cinco primeiros nomes que aparecem na composição, pra garantir que esteja em um concentração significativa na fórmula.

Pra facilitar, separei os ingredientes por categorias. Vamos lá:

Ingredientes emolientes
Agentes emolientes formam um filme protetor sobre a superfície do cabelo, adicionando brilho, protegendo os fios contra a perda de água e ajudando aos fios adjacentes a deslizarem facilmente uns contra os outros. Em outras palavras, isso facilita o pentear e o desembaraçar do cabelo, prevenindo embaraço, nós e consequentemente danos aos cabelos. Alguns exemplos de agentes emolientes condicionantes são:

  • Álcoois graxos (Stearyl, Behenyl, Cetearyl, Cetyl, Lauryl, Myristyl alcohol): ajudam a “assentar” as cutículas do cabelo. A maioria dos condicionadores contém pelo menos um destes ingredientes.
  • Stearamidopropyl dimethylamine: também “assenta” as cutículas do cabelo e reduz o atrito entre os fios na hora de desembaraçar.
  • Óleos vegetais (jojoba oil, argan oil, coconut oil, sweet almond oil, avocado oil, shea butter): são substâncias emolientes altamente nutritivas aos fios que “seguram” a umidade, contribuindo para que o fio permaneça hidratado por mais tempo.
  • Silicones (dimethicone, amodimethicone, dimethicone copolyol) e derivados do petróleo (mineral oil, petrolatum): também formam um filme protetor e deixam os fios escorregadios, facilitando o pentear. Contudo, estes ingredientes são controversos, pois podem se acumular nos fios ao longo do tempo e impedir que o cabelo seja devidamente hidratado e nutrido de fora para dentro.

O leave-in da linha
Biolage Hydrathérapie
contém dimethicone
Os cremes de tratamento
Novex contém, em geral,
petrolatum na composição
Ampola 3 Minutos Milagrosos,
da Pantene:
contém amodimethicone


 


Observação IMPORTANTÍSSIMA! Existem álcoois não graxos que são indesejáveis, pois contribuem para o ressecamento. São eles SD alcohol, SD alcohol 40, Alcohol denat, Propanol, Propyl alcohol e Isopropyl alcohol. Caso não tenha como fugir deles, prefira utilizá-los em produtos com enxágue.


Ingredientes umectantes
Quando aplicados no cabelo, atraem a água da atmosfera, mantendo o cabelo hidratado por mais tempo.

O condicionador Moisture Maniac,
da Tigi, contém glicerina
  • Glicerina (Glycerin): possui grande poder de atração da umidade, mas deve ser usada com cautela, pois quando aplicada em clima muito seco, pode provocar o efeito inverso.
  • D-Pantenol (Panthenol): uma pró-vitamina altamente eficaz.
  • Butylene glycol
  • Glycerol
  • Propylene glycol
  • Aloe barbadensis juice/gel/extract (aloe vera ou babosa): além de baixar o pH dos produtos, é também umectante.



Ingredientes acidificantes
Ingredientes que fazem com que um produto tenha um pH mais baixo contribuem para manter as cutículas dos fios fechadas, dando uma aparência mais sedosa ao cabelo e dificultando a perda da hidratação.

Máscara de hortelã e jaborandi
da Haskell: citric acid


 
  • Behentrimonium chloride: presente na maioria dos condicionadores e máscaras.
  • Cetrimonium chloride: também encontrado em grande parte dos produtos.
  • Citric acid





Ingredientes reconstrutores
Máscaras reconstrutoras de tratamento profundo costumam conter ingredientes que penetram no fio de cabelo e se combinam às proteínas que já estão lá dentro do fio, deixando-o assim mais resistente. Estas substâncias também podem se aderir à superfície do fio e preencher os “buracos” deixados pelas cutículas danificadas. Basicamente, os ingredientes reconstrutores são as proteínas e os aminoácidos:

    O creme de tratamento Hydra-Max
    Colágeno, da Elsève
  • Collagen (colágeno)
  • Hydrolyzed Collagen Protein
  • Hydrolyzed Silk Protein (seda)
  • Hydrolyzed Soy Protein (soja)
  • Hydrolyzed Wheat Protein (trigo)
  • Keratin (queratina)
  • Keratin Amino Acids
  • Silk Amino Acids
  • Silk Protein
  • Soy Protein
  • Wheat Amino Acids
  • Wheat Protein



O condicionador Óleo Reparação
contém vários óleos vegetais
em sua composição

Em um condicionador ou máscara de tratamento hidratante é importante verificarmos a presença de uma combinação de umectantes e emolientes, pois os primeiros ajudarão a atrair a umidade para o fio, enquanto os segundos irão “selar” a passagem de saída de água deste mesmo fio de volta para o ambiente. 

Os óleos vegetais, além de servirem como “selantes”, segurando a hidratação dentro do fio, também lhe proporcionam nutrição. Logo, é interessante procurar produtos ricos em óleos e extratos vegetais em geral.




Proteínas usadas sozinhas podem deixar o cabelo duro e áspero. Por isso, é imprescindível combinar tratamentos reconstrutores com tratamentos hidratantes, ou então procurar produtos que contenham, além das proteínas, ingredientes umectantes e emolientes também. 

A linha Reparação Total 5
Especial Química, da Elsève,
contém proteínas do trigo
Nem todos os cabelos se dão bem com produtos ricos em proteína. Normalmente, a tendência do cabelo encarapinhado é endurecer e ficar mais áspero, especialmente quando não está devidamente hidratado antes e depois do tratamento reconstrutor. Atente para a quantidade de reconstruções que você faz, pois em demasia, elas acabam quebrando o cabelo por excesso de proteína. Da mesma forma, o uso de produtos mais nutritivos, ricos em óleos, pode não surtir efeito em um cabelo que não esteja suficientemente hidratado, piorando o aspecto de ressecamento, o frizz e a indefinição.

Na dúvida, opte “pecar” pelo excesso de hidratação (principalmente antes de considerar um tratamento reconstrutor!).


E não custa lembrar que eu não esgotei todos ingredientes nesta breve lista... Além dos "princípios ativos", todo produto cosmético costuma ter conservantes, corantes e fragrâncias. Estes, normalmente, vem lá no fim da composição mesmo. Se você tem pele sensível ou é suscetível a alergias, é bom evitar produtos com corantes ou fragrâncias fortes (isso você vai notar sem mesmo ler o rótulo, apenas usando seus sentidos de visão e olfato). 

Ilustrei a postagem principalmente com fotos de produtos de farmácia (mas também alguns de marcas profissionais). Vale a pena dar um passeio na loja do seu bairro e pesquisar o que tem de bom lá, pois muitos produtos comerciais são recheados de ingredientes nutritivos. Nem sempre o preço dita a qualidade - e no supermercado tem pra todos os gostos capilares, acredite... Fique ligad@!


* As informações contidas nesta série de postagens foram retiradas do site Curly Nikki. As matérias do site da Nikki (em inglês) utilizadas com fontes você encontra aqui, aqui e aqui.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Cabelo natural é um esporte!

Você faz exercícios? Pratica algum esporte? Já parou pra pensar que cultivar seu cabelo natural pode ser um esporte também?

O Sjsafety18 é um cara do YouTube que fala sobre vários assuntos e que, vira e mexe, comenta algo sobre cabelos naturais. Neste vídeo (em inglês), ele compara ter cabelo natural a praticar algum esporte ou malhação.

Em um primeiro momento, cultivar o cabelo e malhar podem parecer atividades trabalhosas e você irá se perguntar se realmente vale a pena. Sempre vai ter alguém pra criticar, pra dizer que você está perdendo tempo, pra dizer que você está fei@ ou que você não é bom o bastante.

Você vai ter que se dedicar regularmente a isso e vai ter que repensar seu hábitos, construindo uma nova rotina, abrindo mão de certas coisas - e aproveitando outras - pra atingir seu objetivo, pois ele não virá da noite para o dia: o resultado é construído com o tempo, um passo de cada vez.

Você vai querer pesquisar tudo o que é possível para melhorar seu desempenho e tornar-se mais saudável (inclusive ler rótulos de produtos!). Vai dividir experiências e pedir dicas de pessoas que fazem o mesmo que você e que podem já ter mais experiência no assunto. Vai experimentar coisas novas de vez em quando, colocar em prática novas idéias pra saber se podem ser adicionadas à sua rotina.

E, em ambos os casos, vai obter uma satisfação inigualável e cada vez mais vontade de seguir em frente!


Obs: eu não esqueci das postagens sobre os ingredientes dos produtos. No fim de semana vem a segunda parte da série. Aguarde!

sábado, 10 de março de 2012

Lendo a letra miúda (parte 1)

Leia a letra miúda!
Já falei bastante aqui no blog sobre técnicas de manipulação do cabelo: quais os movimentos corretos de lavagem, como desembaraçar, como prender corretamente etc. Acredito que este seja o conhecimento básico: sabendo como “mexer” nos fios já temos metade do caminho andado. A outra metade do caminho é saber os produtos corretos para nosso tipo de fio. Só que, como melhor do que dar o peixe é ensinar a pescar, antes de recomendar um produto X ou Y, é bom conhecer o que contém cada um.

Apesar de parecer uma coleção de palavrões (um nome mais feio que o outro!), a composição do seu produto de cabelo nunca mente. No rótulo ele pode dizer que é “para cabelos secos e quebradiços”, “para cabelos oleosos”, para cabelos rebeldes e com frizz”, mas é lá atrás, na letra miúda onde está escrito “Ingredientes” que você terá a certeza de que a propaganda não é enganosa. Sabendo mais ou menos pra que servem os ingredientes de um produto, podemos parar de escolher simplesmente por marca ou recomendação, e sim baseadas no que ele pode nos proporcionar de acordo com a nossa necessidade.

É bom saber que, em geral, os ingredientes dos produtos costumam vir escritos em inglês. Contudo, é fácil de reconhecê-los quando estão escritos em português, pois os nomes são parecidos em ambos os idiomas. É comum também que eles apareçam na lista em ordem decrescente: o primeiro ingrediente é geralmente encontrado em maior quantidade do que o segundo, o segundo em maior do que o terceiro, e assim por diante. É bom reparar sempre nos cinco primeiros ingredientes da composição porque esses são, a bem dizer, os que realmente agirão nos seus fios. Exemplo: se algum produto diz conter “o poder da aloe vera” e lá no rótulo aparece “aloe vera” quase no final da lista de ingredientes, significa que só deve ter uma vaga “lembrança” do tal princípio ativo no produto que, provavelmente, não fará muita diferença no resultado final.

Como são muitos ingredientes, decidi dividir este assunto em algumas postagens pra ficar menos cansativo (ainda assim, eu escrevo muito!). Veremos agora os xampus.


Ingredientes surfactantes ou tensoativos
Este tipo de ingrediente é encontrado em xampus. Ele é o ingrediente detergente, que vai retirar a oleosidade excessiva dos fios e do couro cabeludo. Existem tensoativos mais agressivos (os mais comuns) e outros que são mais suaves (e, portanto, mais raros ou encontrados em produtos mais caros). Procure xampus contendo os tensoativos recomendados abaixo:

Os xampus da linha
Amazônia Preciosa, da Surya,
contem Cocamidopropyl Betaine



  • Cocamidopropyl Betaine
  • Coco Betaine
  • Cocoamphoacetate
  • Cocoamphodipropionate
  • Disodium Cocoamphodiacetate ou Cocoamphodipropionate
  • Lauroamphoacetate
  • Sodium Cocoyl Isethionate 




Os tensoativos mais suaves costumam ter algum termo no nome que remeta a "coco": cocamidopropyl betaine, coco betaine, sodium cocoyl Isethionate. Essas substâncias são parcialmente derivadas do coco (talvez a sua vó, que lavava os cabelos e o corpo com sabão de coco não estivesse tão equivocada, viu? O que não significa que você pode pegar qualquer sabão de coco em barra que tiver no mercado e passar no cabelo!) 

A seguir, os tensoativos indesejáveis:

O xampu Hydrathèrapie, da Matrix,
é bem hidratante mas
contém sulfato (sulfate)

  • Alkylbenzene Sulfonate
  • Ammonium Laureth ou Lauryl Sulfate
  • Ammonium ou Sodium Xylenesulfonate
  • Dioctyl Sodium Sulfosuccinate
  • Ethyl PEG-15 Cocamine Sulfate
  • Sodium C14-16 Olefin Sulfonate
  • Sodium Cocoyl Sarcosinate
  • Sodium Laureth, Myreth, ou Lauryl Sulfate
  • Sodium Lauryl Sulfoacetate
  • TEA-Dodecylbenzenesulfonate
   



O xampu infantil Mamãe e Bebê,
da Natura,
não contém sulfato
Você pode dar um pulinho no banheiro agora pra notar que a imensa maioria dos xampus e sabonetes líquidos contém Sodium Laureth Sulfate e/ou Sodium Lauryl Sulfate. Estes dois tensoativos são os mais comuns, mas também podem ser altamente irritantes para a pele do corpo e do couro cabeludo. Algumas pessoas desenvolvem dermatites (descamação, sensibilidade e ressecamento excessivo da pele e dos fios), além do tal "efeito rebote": o corpo se "defende" da agressão do xampu produzindo sebo em demasia para compensar a oleosidade que foi retirada. Com o passar do tempo o cabelo pode ter aspecto de oleoso ou ser misto (oleoso na raiz e mais seco na pontas). Contudo, na verdade, o que há é um desequilíbrio causado pelo xampu: uma vez que se opta por um produto menos agressivo, a oleosidade é regulada pelo organismo com o passar do tempo.


O xampu Multivegetal
de camomila
também não contém sulfato
Dependendo do tipo de fio, do tipo de cacho e da produção individual de sebo do couro cabeludo, os xampus com sulfato podem não fazer tanto mal nem causar reações adversas. Muitas vezes, o uso de sulfatos não precisa ser abolido, apenas racionado (uma vez na semana, uma vez a cada quinze dias, pois algumas pessoas dizem que o cabelo "pede" algum xampu que limpe mais). De fato, a sensação deixada por um xampu sem sulfato, pra quem não está acostumad@, pode parecer de "cabelo sujo". O que acontece não é o cabelo estar sujo, e sim, quando se usa xampu com sulfato, o cabelo ficar "limpo demais", sem a sujeira que deve mesmo ir ralo abaixo, mas também sem a sua proteção lipídica natural, que o mantém brilhoso, sedoso e íntegro.


Pré-Shampoo Éh:
não contém sulfato
Como são mais difíceis de encontrar, optei por colocar mais fotos de sem sulfatos. Tendo a listinha dos ingredientes em mãos, você já pode sair às compras sabendo exatamente o que procurar nas lojas de cosméticos. Alguns desses xampus você encontra apenas na internet, outros em lojas físicas. Mas a busca vale a pena se você quer optar por um produto mais suave. Independentemente de se usar um xampu com ou sem sulfatos, mais ou menos agressivo, lembre-se que as regrinhas de lavagem continuam as mesmas: xampu só na raiz!


Como tudo é experimentação, se um xampu não der certo, experimente-o de outras formas, combinando com outras finalizações, mas sem insistir eternamente: parta pra outra depois de três ou quatro usos.


E no próximo post, veremos os ingredientes mais comuns em cremes condicionadores, de tratamento e leave-ins!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Abra sua mente, mude seu cabelo

Muitas de nós começamos desde cedo a aplicar relaxamentos e alisamentos nos cabelos. Com essa "dependência química" tão precoce, acabamos não tendo lembranças - e, portanto, não fazendo a mínima idéia - da real aparência dos nossos cabelos.

Por conta disso, a decisão de retornar ao natural não costuma ser um processo fácil. Perguntas como "qual a verdadeira textura do meu cabelo?", "será que não vai ficar muito volumoso?", "como irá emoldurar meu rosto?" estão sempre presentes neste momento de transição.

Além de tudo isso (e por mais que a gente diga veementemente que não liga!...) também nos perguntamos o que as outras pessoas irão achar do nosso cabelo e, em última instância, o que irão achar de nós com cabelo crespo.

Esta dúvida é comum, pois todos (nós e os outros) são bombardeados desde sempre e acabam internalizando um padrão ideal de cabelo crespo ou cacheado. Apesar de nos últimos tempos vermos uma suposta valorização dos cabelos naturalmente encaracolados nos meios de comunicação, as imagens veiculadas ainda estão fortemente ligadas a este modelo de cabelo idealmente bonito/saudável/bem cuidado (geralmente cabelo pelo meio das costas, com cachos largos e ultradefinidos).

Contudo, nem sempre conseguimos os mesmos cachos definidos e com balanço da garota propaganda do xampu, por melhores que sejam nossos métodos e técnicas de cuidado com os fios. Neste momento costuma vir a triste decepção. Afinal, você gastou tanto tempo e dinheiro, pesquisou tanto na internet e procurou produtos em inúmeras lojas pra, no fim, obter ISSO?? *aponta pra própria cabeça*.

Sim, foi pra ISSO! A forma com a qual você encara o "isso" é que é a questão...
 
Só porque nossos cabelos não são como os da propaganda não significa que sejam feios, ruins, duros ou que só "tomem jeito" com química. Que tal uma mudança de olhar? Talvez seja hora de parar de se lamentar por aquilo que seu cabelo não é e passar a admirar aquilo que ele é. É hora de abrir sua mente e ampliar seu conceito de beleza.   

A fase da transição é o momento da reeducação - nos cuidados com o cabelo e também de pensamento. Todos podemos aprender coisas novas - e admirar belezas de outras naturezas pode ser aprendido também. Aproveite a internet e busque por imagens de meninas naturais no oráculo Google. Salve as que você mais gostar, ou aquelas com as quais você mais se identificar.  E não se esqueça de olhar pra você no espelho, de olhar pro seu cabelo bem de perto. Nós passamos 5, 10, 15, 30 anos numa relação de inimizade com ele, então fazer as pazes não vai ser fácil... Mas é possível! Com jeitinho chegamos lá e, de quebra, fazemos as pazes conosco.

E esta é a hora de aprender que seu cabelo não é melhor nem pior, é apenas diferente daquilo que ensinaram a você como sendo um cabelo "bom". Ele guarda uma singularidade, uma beleza única, que merece ser apreciada por você, independentemente da textura que comece a aparecer nos primeiros centímetros de crescimento novo.

Mais do que uma simples mudança de visual, o retorno ao natural é um processo de autoconhecimento. Abrace a sua textura, aprecie seu cabelo e comece a sua jornada!

domingo, 4 de março de 2012

Cabelo cacheado ou cabelo encarapinhado?

Como eu já havia comentado no post anterior sobre tipos de cabelo, considero meu cabelo encarapinhado. Em sites em inglês, encontramos referências ao cabelo kinky que, no meu entendimento, tem o mesmo significado de encarapinhado ou carapinha.

Mas, afinal, o que é exatamente um cabelo encarapinhado (ou kinky)?
Diferentemente de um cabelo pura e simplesmente encaracolado, o fio de cabelo encarapinhado apresenta torções e dobras em torno dele mesmo. Imagine pegar um pedaço de tecido e retorcê-lo, cada ponta indo para uma direção diferente. Pois é mais ou menos isso o que ocorre com cada fio de cabelo encarapinhado:

Ilustração do blog
THE NATURAL HAVEN

Além disso, é muito importante lembrar também que o fio de cabelo pode apresentar vários formatos, nem sempre sendo perfeitamente cilíndrico. Normalmente, este formato apresenta variações de acordo com o grupo étnico de origem do indivíduo. Pessoas de origem asiática costumam ter o fio de cabelo em um formato mais cilíndrico do que indivíduos caucasianos ou afrodescendentes:

Ilustração do blog THE NATURAL HAVEN (tradução minha)
 
Logo, combinando as torções com o formato mais "achatado" do fio de cabelo, temos um cabelo encarapinhado ou kinky mais ou menos como na figura abaixo (em oposição ao cabelo simplesmente curly ou encaracolado, visto ao lado):

Ilustração do blog THE NATURAL HAVEN

O cabelo encarapinhado característico é aquele cujos fios não são perfeitamente cilíndricos e ainda apresentam as dobras e torções em torno de si mesmo. Observando a figura, fica mais fácil entender por que temos aquela sensação de aspereza quando passamos um fio de cabelo por entre os dedos indicador e polegar. Na verdade, as irregularidades que sentimos na superfície do fio de cabelo são justamente estas dobrinhas em conjunto com seu formato elíptico ou oval.

Em geral, cada torção dessas costuma ser um ponto de fragilidade no fio. É por isso que devemos ter cuidado redobrado na manipulação das nossas madeixas e nos acessórios que usamos. Quando não o manipulamos com a devida delicadeza, nossos fios se rompem justamente nessas dobrinhas.

Contudo, devemos lembrar também que um fio encarapinhado não é necessariamente "esticado", como na figura anterior. Ele também pode tomar a forma espiralada do cabelo cacheado "padrão". Temos então o cabelo "kinky-curly" ou encarapinhado encaracolado:

Ilustração do blog THE NATURAL HAVEN

Mesmo assim, é bom ressaltar que existem cabelos encarapinhados que não apresentam esse formato espiralado perfeito (o formato em "O"). Alguns são em forma de "S" ou "Z" e esses cabelos não formarão cachos em espiral. Nossos cabelos como um todo, ainda podem ser compostos por uma combinação de todos estes tipos de fios: alguns encarapinhados em formato de "O", outros em "S", outros em "Z", e ainda alguns que possuem estes formatos mas não são encarapinhados!

Por todos esses fatores, você pode imaginar que os produtos que devem ser usados ou os cuidados que devem ser tomados com o cabelo não podem ser definidos tão somente pelo diâmetro dos seus cachos. Por isso, da próxima vez que for cuidar dos seus cabelos, observe bem de perto seus fios. Coloque um fio contra a luz ou sobre uma superfície branca (se o seu cabelo for escuro, é claro), sinta o fio com os dedos indicador e polegar, procurando por irregularidades. De repente você ainda não conseguiu fazer as pazes com seus cabelos porque ainda não os conhece de perto...


* Esta postagem foi feita graças à pesquisa da JC, cientista e dona do blog The Natural Haven. Todas as imagens foram retiradas de lá e as informações desta matéria foram compiladas a partir daquelas fornecidas no blog da autora. Vale a pena uma visita!