sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cabelo X Travesseiro - estilos protetores para a hora de dormir

Já falei um pouco aqui no blog, na série de postagens sobre o método da Teri LaFlesh, sobre o que fazer com os cabelitchos na hora de dormir. Não adianta usar um produto maravilhoso, ficar horas e horas arrumando os cachinhos se, à noite, nossos fios tenham de enfrentar a temida fronha e o atrito causado pelos movimentos durante o sono.

Tentar dormir completamente parado, estático, sem se mover nem um centímetro na cama, não deve ser lá muito agradável ou relaxante. Por isso, existem formas de proteger os cabelos que permitem dormir tranquila para continuar com as madeixas maravilhosas no dia seguinte. Vamos ver algumas opções de estilos protetores para a hora de dormir


Banding - como está bem explicado em fotos e texto no blog Beads, Braids & Beyond, esta técnica consiste em prender o cabelo em um rabo de cavalo baixo, na altura da nuca, com diversas xuxinhas ao longo do comprimento do rabo, da base até a ponta.

O banding serve, antes de tudo, para esticar o cabelo de maneira natural e segura, sem o uso de calor (secador ou chapinha). Quanto mais xuxinhas a gente usar e em quanto mais seções a gente dividir o cabelo, mais esticado ficarão os fios.



Eu não dou voltas nas xuxinhas,
apenas "encaixo" meu cabelo
dentro delas.
É importante optar por xuxinhas revestidas, de preferência que não tenham partes de metal. Antes de colocá-las, é recomendável embebê-las em algum óleo vegetal, como azeite de oliva extra virgem, óleo de côco ou qualquer outro de sua preferência.
Eu não uso o banding intencionalmente como uma forma de esticar os cachinhos. Acabei optando por ele pois, preso dessa forma, o cabelo fica firme e compacto dentro do rabo de cavalo preso pelos elásticos, de forma que ele não embola nem embaraça. Por isso, procuro usar aquelas xuxinhas que já venham em um tamanho suficientemente largo para não marcar meus fios, ao mesmo tempo em que sejam apertadas o bastante para que não necessitem de voltas para ficarem presas.


Pra quem tem cabelos curtos, que não permitam prender em um rabo de cavalo, o banding pode ser feito em marias chiquinhas ou em quantas partes forem necessárias dividir o cabelo para que ele seja preso em "rabinhos". Duas, quatro ou seis seções de cabelo: não faz a diferença a quantidade de rabichos, e sim que todo o cabelo esteja preso dentro deles.


Cabelo com twists
 Tranças e twists - assim como o banding, são formas de compactar e "guardar" o cabelitcho de maneira bem segura. As tranças podem ser únicas, caso você tenha comprimento suficiente, duas, quatro, seis... Assim como os rabichos do banding, vai depender do tamanho e do volume do seu cabelo. O mesmo vale para os twists, que também são conhecidos como trança de dois. Tanto as tranças como os twists, quando feitas com os fios levemente úmidos e deixadas da noite pro dia, até que sequem, remodelam o formato dos fios, dando um aspecto de ondas ao cabelo.



Aliás, muitas meninas se utilizam destas técnicas propositalmente quando querem um look de cachos abertos ou ondas. Quanto mais apertadas as tranças ou os twists, mais marcadas serão as ondas no dia seguinte. Se feitos de maneira mais frouxa, o padrão de cachos natural se preserva, como mostra a Naptural85 neste vídeo em que ela lava o cabelo e faz twists à noite para sair pronta no dia seguinte de manhã:



"Abacaxi" - apesar do nome, essa técnica não envolve alimentos no processo! É o método que considero mais simples: consiste apenas em prender o cabelo em um rabo de cavalo bem alto, no topo da cabeça. Por isso o nome abacaxi: as folhas do abacaxi serão seus cachos e a fruta será a sua cabeça. Captou? No dia seguinte, o comprimento e pontas cacheadas estarão quase intactos, já que o que entrou em contato com o travesseiro foi a parte de baixo do cabelo, que ficará escondida quando você soltá-lo. Logo no início do vídeo abaixo, a lindíssima Nikisha, do blog Urban Bush Babes mostra como ela faz a técnica do abacaxi



Touca de cetim - para quem tem o cabelo muito curto ou não gosta de prender os fios, a touca de cetim pode ser uma opção. Ela envolve todo o cabelo e o mantém guardadinho lá dentro, impedindo que entre em contato com a fronha de algodão do travesseiro. Ao usar, certifique-se de todo o cabelo esteja protegido, inclusive os cabelinhos da linha da testa, que costumam ser mais frágeis e delicados. Para que a touca não saia durante a noite conforme você se movimenta, prenda-a com grampos de cabelo nas laterais


Lenço de cetim - um recurso muito parecido com a touca, mas que permite uma variação maior no visual. Muitas naturais fogem da touca de cetim porque ficam com aquele visual de vovó da Chapeuzinho Vermelho. O lenço já permite que se escolha uma estampa bonita e se faça uma amarração mais descolada, o que dá um look turbante bem interessante.



 Fronha de cetim - uma boa pra quem não tolera nada preso na cabeça na hora de dormir. Pode não ser tão eficiente quanto a touca, já que com a fronha os cabelos continuarão soltos, mas o cetim "sequestra" menos umidade dos fios que o algodão das fronhas tradicionais, o que ajuda a conservar a hidratação do cabelo. Além disso, como é um tecido bem lisinho, gera menos atrito com os fios de cabelo.


É claro que essas técnicas podem ser combinadas de diferentes formas. Eu, por exemplo, me utilizo do banding mas também envolvo minha cabeça num lenço de tecido sintético para evitar frizz e perda de hidratação devido ao contato com a fronha de algodão. Outras meninas usam a fronha de cetim E a touca de cetim E prendem o cabelo, em uma das formas já mostradas. Neste vídeo, a KiffeCoco mostra que, antes de domir ela associa as tranças protetoras ao uso do lenço:




Dadas as dicas, fica a seu critério escolher qual o método mais adequado às suas necessidades. Proteja seus cabelos e tenha bons sonhos!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O método da Teri LaFlesh (parte 5)

* E vamos dando continuidade à série de postagens sobre o método da Teri LaFlesh. Para ver as demais postagens desta série, clique aqui


Secar
Depois de lavar, condicionar, desembaraçar e definir seus cachinhos, é necessário deixar o cabelo secar. O processo de secagem costuma ser mais demorado porque seu cabelo, além de bem molhado, estará com bastante condicionador. Por isso, é bom começar o processo pela manhã – assim você dá tempo de seus fios secarem naturalmente, sem necessidade de secador.

Meu cabelo bem molhado e preso com clipes.
Olha o branquinho do condicionador!
Ao secar, isso tudo sai...


O secador deve ser evitado sempre que possível. Quando não houver outro jeito, tente usar para secar mais as raízes, o que por si só já diminuiu bastante o tempo total de secagem.

Enquanto o cabelo seca, é normal que ele fique meio pegajoso. Isso é sinal de que tudo deu certo até agora. Enquanto ele estiver molhado ou úmido, não fique mexendo no cabelo! Se os fios insistem em cair no seu rosto, use clipes de cabelo para afastá-los, mas não manipule muito.

O que eu faço: sempre que posso, deixo o cabelo secar naturalmente. Quando é impossível, eu uso o secador na velocidade mais lenta/mais fria, sem o bico direcionador e sem difusor. Coloco o jato de ar bem longe da minha cabeça e fico alguns minutos em cada área – costumo começar pela nuca, colocando o jato pelas laterais do pescoço, um lado de cada vez; depois passo para a “coroa”, ou seja, o topo da cabeça e à medida em que seca o cabelo, vou abrindo delicadamente para que sequem as camadas mais internas, perto da raiz; finalmente, coloco o jato nas laterais e finalizo movimento a cabeça para frente e para trás, para um lado e para o outro, pra “arejar” as partes que não foram atingidas de primeira pelo vento quente do secador. Eu procuro não secar 100% e demoro cerca de meia hora no inverno e 20 minutos (no máximo) no verão.



Proteger
À noite, seu cabelo já deverá estar seco, ou quase seco. Antes de deitar a cabeça no travesseiro, é importante proteger os fios – ou todo o seu trabalho terá ido por água abaixo.
A Teri tem um cabelo enorme, logo ela consegue fazer uma trança frouxinha que guarda os fios até o dia seguinte. Se o seu cabelo é mais curto, pode fazer duas tranças, como marias-chiquinhas, ou coque (s). O importante é não dormir de cabelo solto.



Reavivar
Na manhã seguinte, após desmanchar a trança ou o coque, seus cabelos provavelmente estarão meio amassados. Mas isso é fácil de resolver: basta sacar um pouco de condicionador e um pouco de água e refazer os cachos que estiverem mais desmanchados. Se o travesseiro levantou frizz, a Teri ensina a passar um pouco de água + condicionador com as mãos nas áreas arrepiadas, até que os cabelinhos se acalmem. 

O que eu faço: na hora de dormir, eu gosto de prender meu cabelo usando a técnica do “banding”, que nada mais é que fazer um rabo de cavalo preso com várias xuxinhas, até a ponta. Além de proteger o cabelo, dessa maneira eu também dou uma esticada nos cachos, já que eles encolhem assustadoramente quando lavo. Contudo, presto atenção para que as xuxinhas não sejam muito apertadas, ou meu cabelo pode ficar muito marcado. Eu procuro aquelas que sejam revestidas e já venham em um tamanho apertado, pra que eu não precise ficar dando voltas pra prender o cabelo.
Após o banding, eu gosto de prender o rabo de cavalo pra cima com clipes de cabelo e envolver minha cabeça em um lenço de tecido sintético. Assim meus cabelos ficam protegidos do atrito com a fronha do travesseiro e livres de frizz. Com essa forma de proteção, no dia seguinte os retoques para reavivar os cachos costumam ser mínimos! É praticamente soltar o cabelo que ele já está pronto pra sair.


Banding
Estilo Dona Florinda!



A T E N Ç Ã O !!!


Não é qualquer condicionador que serve para ser deixado no cabelo. A Teri recomenda alguns em seu site mas, como ela é americana, muitos deles nós não encontramos no Brasil. Ainda assim, no fim das contas, é mera questão de experimentação: você tem que testar o condicionador no seu cabelo pra ver se dá certo

Esse aqui é meu estoque de produtos.
Os dois potões da Matrix e os Elséve (com exceção do Hidra-max Colágeno!)
são meus condicionadores favoritos.
E como saber se deu certo? Para funcionar de acordo com esta técnica, você precisa aplicar o produto seguindo estas instruções, esperar secar e observar como o cabelo reage. Às vezes o condicionador é tão ruim para a técnica que você já vai notar no processo de secagem...

Um bom condicionador para o método da Teri deve deixar seus cachinhos/molinhas bem definidos, com os fios grudadinhos uns nos outros em cada cacho. Se os cachinhos ficarem naquele aspecto de algodão, fofos ou com frizz, o condicionador provavelmente não serve pra você. Condicionadores muito ralinhos não costumam ser bons pois não dão "liga" às mechinhas.

Esse condicionador não serviu...
Esse aqui serviu!
  
Se o seu cabelo ficar muito ressecado no dia seguinte, o condicionador também não serve para ser deixado nos fios (talvez ele seja bom usado da maneira tradicional, enxaguando após a pausa, mas não deixando no cabelo como se fosse um creme de pentear).



IMPORTANTE!

Como se pode ver nas fotos, a Teri tem um cabelo totalmente natural, assim como eu. Se o seu cabelo está com algum tipo de química que tenha desfeito seus cachos (alisamento ou relaxamento que deixe o fio mais pra ondulado), é muito provável que esta técnica não funcione!

O método da Teri serve pra quem tem o cabelo enrolado bem apertadinho - por isso o nome do site dela, "Tightly Curly". Ele não produz cachos, eles apenas realça e define aqueles que a pessoa já tem. Portanto, se você não tem cachos, o método, por si só, não vai te dar cachos! Caso pretenda não mais usar químicas, é melhor esperar crescer alguns centímetros de raiz e cortar a parte mais esticada, para começar do zero com o cabelo natural que vem crescendo.

Também acho muito importante falar que a Teri não obteve os resultados maravilhosos que a gente vê da noite pro dia. Foram anos e anos pra descobrir o que o cabelo dela queria e mais anos e anos até ele passar a responder bem aos cuidados. Eu também aprendi ao longo da minha jornada que não existem produtos milagrosos nem tratamentos mágicos que recuperam o cabelo. O que existe é paciência e disciplina - e mais um pouco de paciência!


Ame seu crespo!





O método da Teri LaFlesh (parte 4)

* E vamos dando continuidade à série de postagens sobre o método da Teri LaFlesh. Para ver as demais postagens desta série, clique aqui

Pentear
Para desembaraçar e pentear, a Teri usa uma escova Denman, mas você pode optar também por um pente de dentes largos. Ela prefere a Denman porque o formato das cerdas já ajuda a separar os cachinhos para a hora de defini-los. A escova Denman você pode importar através de sites na internet, já que ela não é vendida no Brasil. Aqui existe uma versão “genérica” feita pela ProArt, que é quase idêntica à original.

Escova da ProArt

Então, ela vai separando mechas e vai desembaraçando com a escova. Sempre é bom passar a escova primeiro nas pontas, pra tirar os nós. Quando as pontas estiverem livres de nós, você move a escova um pouco mais acima e desembaraça o trecho imediatamente anterior. E assim sucessivamente, até chegar na raiz.

A Teri compara o desembaraçar dessa forma a desmanchar um colar de contas. Às vezes, quando tentamos tirar todas as continhas do colar num puxão só, elas travam e não saem, não é verdade? Temos é que tirar uma conta de cada vez para desmanchar o colar. Com o cabelo é a mesma coisa. Primeiro se elimina o nó da extremidade para depois ir “subindo” e desmanchar os demais nós gradualmente, “puxando” o embaraço para a extremidade que já foi desembaraçada anteriormente.


No vídeo acima, a Teri faz o processo que descrevi. Repare que ela trabalha com uma mecha fina de cabelo, desembaraça primeiro as pontas e vai subindo com a escova, pegando os nós do comprimento e da raiz. Ela move esses nós até um certo ponto do comprimento, em que não tem mais como descer para as pontas e, lentamente e gentilmente, desmacha o embolado pouco a pouco, "movendo" os nós um pouco mais pra baixo, mais pra perto da pontas. Ela repete o processo até que todos os nós tenham saído. No final do vídeo, dá pra ver bem claramente os cachinhos se separando uns dos outros, o que vai nos levar ao próximo passo do método.

Só você poderá dizer qual o tamanho ideal da mecha que deverá ser trabalhada por vez na hora de desembaraçar. Normalmente, quanto mais cabelo, mais difícil de pentear. É sempre melhor começar com seções menores, até porque é mais garantido de eliminar todos os nós de forma eficiente.

Se mesmo com um cabelo superabsorvente você ainda tiver conseguido exagerar no condicionador, não precisa se preocupar, pois o excesso sairá quando passar o pente ou a escova (preste atenção no aspecto “branquinho” porque estamos procurando por ele). O que significa que cairão gotas e mais gotas de condicionador pra tudo quanto é lado – no chão, nos móveis, na sua roupa. Portanto, desembarace seu cabelo no box ou em algum lugar em que você possa limpar depois e use roupas velhas ou que possam ser sujas. 

Eu uso quase tudo isso a cada vez que
faço o método da Teri
O que eu faço: costumo começar a pentear as seções de baixo, a partir da nuca e vou subindo em direção à testa – assim, os cabelos de cima vão caindo por sobre os de baixo sem que eu precise mexer neles para colocá-los no lugar certo.
Antigamente, desembaraçava meus fios com um pente de dentes duplos. O meu é bem velhinho, comprado há muitos anos em um catálogo da Avon (infelizmente não vejo mais para vender). Mais recentemente adquiri uma mini escova da marca Goody. Ela tem um formato que lembra um pouco a Denman. Apesar de pequena (ela é uma escova de viagem), foi bem eficiente para desembaraçar os cabelos. E hoje em dia eu uso a escova da Proart. Não sei se sou eu, se é só impressão ou se é fato, mas sinto que sai muito mais cabelo quando penteio com essa escova, se comparada à escova da Goody ou ao pente. De qualquer forma, tanto o pente quanto as escovas dividem meu cabelo nas tais mechinhas que serão definidas individulamente para formar os cachinhos.
 

Definir
Depois de desembaraçar a mecha, é hora de definir os cachos. Tanto o pente quanto a escova Denman, ao serem passados nos cabelos molhados e cheios de condicionador, separam os fios em mechas bem fininhas. Cada mechinha dessas costuma corresponder a um cachinho.

Eis aqui o pulo do gato da Teri. Ela define cada mechinha dessas individualmente, ou seja, ela define cachinho por cachinho. Quando simplesmente se penteia o cabelo e deixa do jeito que fica, esses cachinhos não ficam totalmente separados uns dos outros. Às vezes eles se separam em determinados trechos e mais abaixo se juntam de novo, e logo adiante se juntam com mais outro e se separam do anterior. Enfim, formam uma espécie de rede no cabelo.

Esse gruda-gruda desorganizado é o que atrapalha a definição e a maleabilidade do cabelo superencaracolado. Separar os cachinhos uns dos outros de forma organizada faz com que eles se comportem cada um como um fio, individualmente. Se quiser jogar o cabelo pro lado ou dividir no meio, não precisará mais “rasgar” o cacho no meio. Estando separados uns dos outros, eles podem ser jogados pra lá e pra cá que não irão mais desmanchar.



 A Teri ensina algumas formas de definir os cachos individulamente: 

"Smoothing"
Correr os dedos por entre os cabelos – essa funciona melhor para quem tem cachos mais abertos. É só passar os dedos por entre os fios como se fosse desembaraçá-los com as mãos.
“Smoothing” (“enluvar”) – esse é o jeito que ela define os cachos. Pegando cada cachinho, a Teri “alisa” da raiz às pontas, pra que os fios grudem uns nos outros em forma de espiral (ou S, dependendo do padrão daquela mechinha).
“Doodles” (“dedoliss”) – é ótimo para cabelo mais curtos. Pode ser combinado com o “smoothing”. Consiste em enrolar o cabelo no dedo de forma a reforçar os cachinhos, mais ou menos como a gente fazia quando era criança.



O que eu faço: ao definir, faço uma combinação do “smoothing” com o correr os dedos por entre os cabelos. Primeiro eu corro os dedos e só então faço o smoothing naquelas mechas que insistem em ficar grudadas ou naquelas que ficam com fios “descolados” e eu perceba que devem ser separadas em duas ou três.



Estamos chegando ao fim! Na próxima postagem, dicas de como secar, proteger e reavivar os cachos no dia seguinte.

O método da Teri LaFlesh (parte 3)

* E vamos dando continuidade à série de postagens sobre o método da Teri LaFlesh. Para ver as demais postagens desta série, clique aqui

Condicionar
Após enxaguar o xampu (ou o condicionador com o qual você fez co-wash), é hora de condicionar os cabelos. Ao contrário do que muitas pessoas fazem, a Teri não usa leave-in nem creme de pentear nos fios. Ao invés disso, ela escolhe um condicionador bem rico, hidratante e consistente para, além de desembaraçar, deixar no cabelo até secar, sem enxaguar. Ou seja, ela substitui o creme de pentear pelo condicionador (aquele mesmo que a gente costuma deixar agir por 3 minutos e lava).

Por que fazer isso? Será que o condicionador não vai estragar meu cabelo? A Teri conta que, lendo os rótulos dos produtos, ela percebeu o quanto máscaras, condicionadores e leave-ins eram parecidos. Se os ingredientes eram basicamente os mesmos, a diferença deveria estar na concentração desses ingredientes em cada produto.

Os condicionadores são, em geral, mais pesados e mais concentrados que os leave-ins e cremes de pentear. Por vezes, a composição é até mais interessante para o cabelo que a do leave-in, mas como a gente enxágua, acaba não aproveitando todas as propriedades do produto. Deixando o condicionador no cabelo, ao invés do leave-in comum, podemos aproveitar ao máximo seus benefícios.

Além disso, por ser mais grosso, o condicionador costuma dar mais peso aos fios, fazendo com que eles saiam daquele formato de “nuvem” e desçam, tendo mais caimento (e quem tem fios muito finos e enrolados sabe que descê-los é uma tarefa árdua).
  
Pra cima...
Pra baixo!
A Teri divide o cabelo, ainda bem molhado, ao meio e trabalha com uma metade de cada vez. Em cada metade ela aplica uma porção generosa de condicionador, mais ou menos uma palma da mão cheia. É claro que com um cabelo desse tamanho ela realmente teria que usar muito condicionador mas, para qualquer comprimento, a quantidade é crucial quando se fala de cabelo crespo ou encarapinhado. 

Nosso tipo de cabelo costuma ser muito sedento e absorve fácil grandes quantidades de produto. Por isso, mesmo que você ache que é muito condicionador pra se aplicar de uma vez só, não será, acredite! Observe o que acontece quando penteia o cabelo. Se ele ficar meio branquinho, fazendo aquela “espuminha”, é porque a quantidade está boa. Se o condicionador for pouco, ele ficará transparente e não fará espuminha, tornando o pentear mais trabalhoso.

E o mais importante de tudo: não enxágue este condicionador! Ele fará as vezes do leave-in/creme de pentear, portanto deve ser deixado para facilitar o desembaraço do cabelo.



O que eu faço: meu cabelo permanece nas mesmas quatro ou seis seções em que dividi na hora de lavar os fios. Assim como na lavagem, eu trabalho com uma seção de cada vez. Primeiro solto uma seção, aplico condicionador numa quantidade generosa (aproximadamente uma colher de sopa para cada uma das seis seções), desembaraço e defino. Depois de pronta esta seção, deixo ela solta e passo para a próxima.

Meu cabelo em seções
(Isso não é uma fantasia de RPG,
é uma capa plástica)


A maneira correta de pentear seu cabelo ficará para a próxima postagem. Aguarde!

O método da Teri LaFlesh (parte 2)

* Para ver as demais postagens desta série, clique aqui

Continuando a série sobre a musa capilar Teri LaFlesh, nesta postagem vou explicar como é seu método, passo a passo.

Preciso rasgar seda e dizer que, quando comecei a seguir as dicas da Teri, meu cabelo finalmente "engrenou" e tudo mudou... Ganhei definição, peso (meu cabelo passou a ficar pra baixo e não mais pra cima, como em um "black") e diminuí muito os danos causados pela manipulação excessiva dos fios, já que só faço esse processo todo uma vez na semana - sim, meus cachinhos duram uma semana bonitos e definidos!

É claro que o método ganha adaptações aqui e acolá de acordo com a pessoa (cada cabeça uma sentença!), então além de falar sobre o que a Teri faz, vou colocar também o que eu adaptei às minhas necessidades a partir do método dela.

No total, são sete passos para um cabelo lindo: limpar, condicionar, pentear, definir, secar, proteger e reavivar os cachos. Como eu escrevo muito, vou dividir o método dela em algumas postagens pra não ficar cansativo. Pois agora vamos ao segredo da Teri!

Limpar
Antes de qualquer coisa, molhe bastante seu cabelo. Deixe a água correr por entre os fios e certifique-se de que eles estão completamente encharcados. Faça isso sem mexer muito neles, apenas abrindo caminho pra que ela passe tanto no couro quanto no comprimento - deixe o cabelo "cair" solto pelas suas costas, encharcado. Até isso acontecer, demora uns minutos, portanto não vá lavar o cabelo se estiver com pressa! Se você aplicar xampu num cabelo só "meio molhado", o sabão não vai retirar a impureza que interessa ser tirada - ao invés disso, vai se misturar naquela "lama" básica que a água formou com o creme e com a poeira que estava nos seus fios e você vai ter que aplicar xampu várias vezes para limpar o cabelo.

Depois que seus cabelos estiverem bem molhados e a água já tiver retirado a sujeira "grossa", é hora do xampu. Nos comerciais a gente costuma ver as modelos colocando um monte de xampu nos cabelos e fazendo bastante espuma, empilhando os fios no topo da cabeça. Banho gostoso, não?

Nããããããooooo!!!

Não mesmo! Jamais lave seu cabelo assim. Ao juntar todos os fios e fazer aquele "ninho" para esfregá-los, a única coisa que você vai conseguir é ressecar e embaraçar seu cabelo. A Teri explica que o xampu deve ser aplicado apenas no couro. Repetindo: xampu apenas no couro! Pra facilitar a aplicação do xampu dessa forma, ela coloca as gotinhas de xampu nas pontas dos dedos, enfia os dedos por entre os fios para atingir o couro cabeludo e esfrega/massageia para limpar. O comprimento e pontas dos cabelos devem ficar soltos durante esse procedimento.



Um aviso muito importante: aplique xampu apenas uma vez! Ignore a instrução da embalagem que diz para "repetir a operação". Xampu mais de uma vez só se o cabelo estiver muito sujo, por algum motivo extraordinário (tipo em dia de aniversário quando jogam ovo, farinha e fermento na sua cabeça). A sujeira do dia-a-dia sai com bastante água e uma aplicação de xampu.

Outro aviso importante: como eu mesma pude atestar e a própria Teri fala no site, para lavar o cabelo não é exigido, de maneira nenhuma, o uso do xampu. Se você segue uma rotina de no poo e pratica co-wash, pode substituir o xampu pelo condicionador que você usa para lavar o couro e os fios sem nenhum problema.

Aliás, falando em lavar com condicionador, outra dica que a Teri dá para conseguir um cabelo mais limpo sem passar xampu duas vezes é justamente fazer co-wash no comprimento. Pra isso, ela usa um condicionador mais leve, desses baratinhos. O objetivo não é condicionar o cabelo, mas sim fazer com que o produto agarre o resto de sujeira e xampu que possa ter ficado nos fios. Depois de passar o condicionador pelo comprimento do cabelo num movimento de enluvar ou correr os dedos por entre os fios, basta enxaguar completamente até retirar todo o produto.


O que eu faço: como se pode perceber, o cabelo da Teri é bem mais "liso " do que o meu. Minhas molinhas são bem menores, mais fechadinhas, e meus fios aparentam ser mais encarapinhados que os dela. Logo, na hora da lavagem, eu não posso deixar meu cabelo solto enquanto lavo o couro cabeludo, a não ser que queira terminar a lavagem que nem o Urso do Cabelo Duro.
Ao invés disso, antes de entrar no chuveiro, divido meu cabelo em quatro ou seis seções e prendo com clipes de cabelo. Vou molhando uma de cada vez, saturando bastante com água e retirando toda a sujeira que a água conseguir levar embora. Mas veja bem: eu nunca "misturo" as partes de volta! Solto uma, molho e prendo de novo. Depois de todas as seções molhadas, eu solto uma de cada vez e aplico o xampu na raiz, com as pontas dos dedos, do mesmo jeito que a Teri. Mas enquanto isso também não deixo o cabelo cair solto pelas costas; eu seguro a mecha com as mãos, dando uma certa distância da raiz, que é para os meus dedos poderem se movimentar para massagear e limpar o couro com xampu.
Quando sinto que a massagem é suficiente, enxaguo a mecha primeiro na raiz, que é onde está a espuma do xampu, retirando o excesso. O restinho da espuma eu deixo correr pelo comprimento dos meus fios, assim como ela faz. Daí, prendo novamente e passo para a próxima seção, repetindo esses mesmos passos. Resumindo: o que a Teri faz de uma vez só no cabelo inteiro, eu faço por partes.
Eventualmente, eu substituo o xampu por algum condicionador e faço exatamente da mesma maneira: divido em seções, molhando uma parte de cada vez, aplicando condicionador, esfregando a raiz etc etc etc.


E como nunca é demais repetir, relembrando a parte um desta série: tenha paciência! Faça tudo com calma, com tempo, sem pressão, sem hora marcada. Reserve um tempo de algum dia da semana que você saiba que não vai ter compromissos imediatamente após o cuidado com os cabelos. Se tiver um espelho no box ou no local em que você costuma lavar os cabelos, aproveite para observar seus movimentos e também seus fios, sua textura, o quanto seus cachinhos encolhem, a diferença no padrão de cachos... É você com seu cabelo, seu cabelo com você. Ele nasceu com você e estará na sua cabeça por toda a sua vida, então faça as pazes com ele!


E agora que seus cabelos já estão limpos, é hora de condicioná-los. Até o próximo post!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O método da Teri LaFlesh (parte 1)

Neste blog eu já falei e ainda vou falar muito no nome dela. A Teri LaFlesh é uma americana que, assim como muitas de nós brasileiras miscigenadas e encaracoladas encarapinhadas, passou anos na luta capilar. Da mesma forma que eu e muitas outras, ela fez procedimentos desastrosos em busca de um cabelo liso ideal que nunca iria conseguir. Como ela conta em seu site (em inglês), a luta só terminou quando ela desistiu de brigar com ela mesma e percebeu que seu cabelo natural era forte e saudável, como nunca tinha sido nos anos e anos em que usou químicas nos fios.

Não preciso dizer que, ao ler essa história, pude me identificar imediatamente!

E fora o compartilhamento de experiências, ela divide com a gente sua técnica de cuidado dos fios e explica como passou disso...



...pra isso!

O método da Teri tem diversos passos e parece muito complicado numa primeira olhada. Mas com o tempo, a gente acaba adquirindo o hábito de fazer as coisas da maneira certa e os cuidados acabam se transformando em uma rotina bem natural. Vamos começar do começo!


As regras principais
Antes de tudo, é bom relembrar as regras básicas. Acredito que muitos desses passos todas nós já saibamos, mas muitas vezes não temos consciência de que fazemos justamente o contrário daquilo que a gente acha que faz e tá arrasando. Mais do que qualquer coisa, é bom tomar consciência de cada passo, de cada movimento que fazemos ao cuidar de nosso cabelo, pois uma manipulação errada, aos poucos, vai danificando os fios de maneira cumulativa e irreversível.
  • Não penteie nem escove o cabelo seco - isso não é novidade... Pentear ou escovar o cabelo seco é pedir pra transformar cachos em uma "nuvem"! Os fios devem ser desembaraçados molhados e com bastante condicionador, que seja preferencialmente bem "escorregadio" e facilite o pentear.
  • Nunca separe seu cabelo puxando mechas separando-as pela raiz - às vezes, ao repartir o cabelo em mechas para facilitar o pentear, pegamos uma mecha e começamos a dividí-la em duas pela raiz. Como o cabelo está embaraçado, aqueles nós que estavam mais próximos da raiz vão, como uma bola de neve, crescendo ao se juntarem com os nós do comprimento e das pontas. E no fim sobra um bolo de cabelo completamente embaraçado... 



      Tente separar segurando primeiro uma mecha e, gentilmente, puxe um pouquinho de cabelo de cada vez, a partir das pontas, para fazer uma segunda mecha. Se surgir algum nó, tente separar com suas mãos o máximo possível de fios. Se ele não desmanchar de jeito nenhum, nunca arrebente o cabelo: é melhor cortar o nozinho com uma tesoura afiada.  
      • Não machuque seu cabelo - com relaxantes, alisantes ou excesso de calor (secador, chapinha, baby liss). Os danos causados por esses elementos são irreversíveis.
      • Tenha paciência! - como falei mais acima, mais do que qualquer coisa nós temos de ter consciência do que estamos fazendo com nossos cabelos. Temos que perceber nossos movimentos, nossos fios (não se pode desembaraçar um cabelo crespo deolhos vendados). E para isso temos de ter paciência. O cabelo vai embaraçar porque é da natureza dele embaraçar. Separe um tempo para cuidar de seus cabelos - jamais faça isso com pressa 
      • Não é necessário cortar o cabelo - se você deseja ter um cabelo comprido como o da Teri, não faz sentido cortar o cabelo a cada 3 meses, como recomendam por aí. Considere aparar as pontas apenas quando elas estiverem danificadas. É claro que quando você começa, é possível que as pontas já estejam ruins - e aí elas terão de ir embora. Contudo, seguindo este método, os danos futuros vão ser reduzidos ao mínimo. Logo, você poderá passar muito tempo (anos) sem ver uma tesoura! A Teri diz que não corta o cabelo há 10 anos e ele continua ótimo!


      Dito isto, podemos passar para o método propriamente dito. Como quero explicar tudo nos mínimos detalhes, vou dividir em cinco partes para ficar menos cansativo de ler.
      Na próxima postagem começaremos com os sete passos básicos para cuidar do cabelo!

      Afinal, que cabelo é esse?

      3c, 4a, 4b... Se você já deu uma pesquisada na internet sobre cabelos, provavelmente já se deparou com algum site que mostre algum tipo de classificação de cabelos. Na verdade existem diferentes formas de classificação, sabia? Vamos ver algumas


      1 - O sistema de Andre Walker
      Muito usada em sites superinformativos como o Naturally Curly, essa classificação de letras e números foi criada pelo Andre Walker, o cabeleireiro da Oprah Winfrey. Basicamente, esse sistema de classificação divide os cabelos em categorias distintas de acordo com o diâmetro dos cachinhos. A partir disso, poder-se-ia definir uma rotina de cuidados mais específica para cada tipo de cabelo.

      Tipo 1: cabelo liso - não precisa de muitas explicações!
      Tipo 2: cabelo ondulado
      Tipo 3: cabelo cacheado ou crespo
      Tipo 4: cabelo afro (não gosto dessa terminologia e mais tarde explico o motivo).

       

      Cada "número" dessa classificação se divide em subcategorias, determinadas por letras. Logo, o tipo 2 pode se mostrar na forma 2a (um ondulado mais aberto, fios finos) ou 2b (um ondulado mais consistente, fios mais grossos). O tipo 3c tem um cacho mais fechadinho se comparado ao 3a ou ao 3b. O tipo 4a apresenta cachinhos do diâmetro de um canudinho ou carga de caneta e o 4b é tão "apertadinho" que mal chega a formar molinhas, e sim um padrão em zigue zague bem pequenininho. Portanto, quanto mais alto o número e mais à frente a letra, mas "enrolado" será o cabelo.


      Podemos ver que esse sistema de letras e números é bem simplificado. Sabemos que especialmente no que tange aos cabelos dos afrodescendentes e miscigenados, há uma gama quase infinita de possibilidades de tipos de cachos os quais esta classificação não compreende. Logo, mesmo que o seu cacho possa parecer do mesmo tamanho do cacho da sua amiga, o produto que deu certo para ela pode fazer horrores pelo seu cabelo - e vice versa.


      2 - O Sistema LOIS
      Existe outra classificação por letras e número mais complexa e completa do que a do Andre Walker. É o sistema LOIS de classificação de cabelos que leva em consideração vários fatores:
      • o formato dos fios de cabelo, ou seja, o padrão de cachos (molinhas, zige-zague, ondas em formato de S, cachos espiralados...)
      • o tamanho do padrão de cachos (cachos da largura de um dedo, da largura de uma caneta, de um canudo...)
      • a densidade geral do cabelo (muitos fios ou poucos fios)
      • o diâmetro do fio de cabelo (grosso, médio ou fino)
      • a sensação que o cabelo nos passa (esponjoso, lanoso, sedoso...)

      Confesso que não vou entrar em detalhes sobre esse sistema classificatório porque eu simplesmente não o entendo direito! Contudo, do pouco que percebo sobre ele, acho importante o fato de ser considerado o diâmetro do fio de cabelo e a sensação que ele nos passa. Basicamente, essas duas características são cruciais para diferenciar dois cabelos que a classificação do Andre Walker jogaria no mesmo pacote mas que, na prática, funcionam com produtos e técnicas absolutamente diferentes.


      3 - Outras formas de enquadrar seu cabelo
      No blog Eu Amo Cabelo encontramos uma classificação distinta. Não há separação por categorias, e sim por tipos gerais: crespo, cacheado, anelado, ondulado, frisado e liso.


      No Cabelo Crespo é Cabelo Bom, vemos uma diferenciação mais detalhada entre cabelos crespos.
      • Kinky
      • Carapinha
      • Muito crespo
      • Crespo

      Bom, sim. E daí? E depois disso tudo, a que conclusão chegamos? Na minha modesta opinião, o sistema do Andre Walker é realmente muito útil quando se está começando no mundo dos cabelos naturais. Pra quem parte do zero, ele é um bom início. Contudo, com o passar do tempo, fui percebendo o quão incompleto ele é.

      Em termos de completude, o sistema LOIS atende aos pontos em que o sistema do Andre Walker deixa a desejar. Só que o LOIS é tão completo, tão completo, que se torna muito complicado! Até hoje eu não sei muito bem definir porosidade em um cabelo por exemplo, muito menos a questão do brilho do cabelo, e MENOS AINDA reunir todos os numeros e letras pra formar uma classificação...

      De todos, eu ainda prefiro as classificações que levam em consideração os tipos gerais de cabelo. Tenho que ressaltar que, pra mim, "kinky" e "carapinha" são a mesma coisa, pois entendo "kinky hair" como o termo em inglês para cabelo carapinha ou cabelo encarapinhado. 


      Agora, por que raios eu não gosto de falar que "cabelo afro" é um tipo de cabelo? Pra mim, quando usado nessa conotação, o termo "cabelo afro" nada mais é do que um eufemismo para "cabelo de preto". Apesar de "afro" ser mais politicamente correto do que "preto", no fim ambos tem o mesmo sentido. Podem reparar que não há menção a etnias nos nomes que usamos para classificar os demais tipos de cabelo. Ondulado, cacheado, liso, crespo não remetem a nenhum grupo social ou étnico. Então por que só o nosso cabelo precisa ser "afro"? Ao mesmo tempo em que associa um tipo específico a todo um grupo social, o termo "cabelo afro" unifica e generaliza esse grupo, como se todos os negros ou afrodescendentes tivessem o mesmo tipo de cabelo.

      Mas sabemos que não é assim. Alguns negros tem o cabelo liso, ondulado e cacheado. E eu cansei de ver tutoriais para cuidado com "cabelos afro" mostrando modelos que tem os cabelos visivelmente cacheados e que só são considerados "afro" porque a modelo em questão é negra!

      A deficiência do sistema de Andre Walker sentida pelas pessoas que possuem o cabelo dentro do tal tipo 4 mostra bem isso. Existem muito mais variações do que as previstas por Walker e que o sistema LOIS tenta abarcar com seus pormenores. Não é à toa que muitas blogueiras gringas preferem e usam o LOIS e não o sistema do Walker. E muitas delas simplesmente aboliram todo e qualquer método de classificação de cabelos e tratam individualmente de seus fios, sem seguir necessariamente padrões pré determinados.

      Eu acabei entrando pro time das que rejeitam classificações alfabéticas/numéricas. Em inglês eu diria que tenho um "kinky hair"; logo, em português, meu cabelo é encarapinhado. Ele é o que se chama kinky curly, já que além de encarapinhado, ele tb faz cachinhos.


      Complicou? Mais pra frente vou falar sobre a diferença entre os tipos de fio e esclarecer o que é um cabelo "kinky" ou encarapinhado.

      Eu e meu cabelo, meu cabelo e eu: minha jornada

      Assim como a maioria das meninas com cabelos crespos e/ou encarapinhados, eu sempre mantive uma relação turbulenta com as minhas madeixas. Desde pequena, meus cabelos se apresentavam como um problema.

       Nascendo em uma família miscigenada e sendo criada pelo "lado branco" da família, já se pode imaginar o que aconteceu: ninguém sabia lidar com meu tipo de cabelo. Ao contrário dos cabelos lisos dos meus primos e primas, no meu não bastava simplesmente lavar com xampu, desembaraçar com uma escova ou pente qualquer e esperar secar...

      Durante os primeiros anos da infância, a única pessoa que tinha a destreza de mexer no meu cabelo era minha madrinha. Mesmo não sabendo nada específico sobre cabelos crespos, ela tentava tratá-lo da melhor maneira possível e sempre inventava vários penteados diferentes na minha cabeça (porque usar o cabelo solto definitivamente não era uma opção!).

      Mais tarde, passei a frequentar um salão e a fazer escova. Desde essa época meu cabelo encolhia absurdos, então só quando ele estava molhado ou esticado é que se percebia como era grande. Fazendo escova eu finalmente realizei o sonho de sair por aí com os cabelos balançando ao vento - mas fugindo da chuva, ou ele encolheria!

      É claro que uma coisa leva à outra e o que começou na escova logo passou à química. Lá pelos 8 anos fiz meu primeiro relaxamento. Continuava usando o cabelo escovado e o relaxamento facilitava bastante esse processo. Só que como nem tudo são flores, um belo dia a moça que fazia relaxamento em mim teve um problema de saúde e ficou vários meses afastada do trabalho. Minha mãe e minhas tias, desesperadas, correram para outro salão, achando que lá eu poderia dar continuidade ao que estava fazendo. Ledo engano...

      Naquela época, a henna estava na moda. O pessoal do salão inventou de passar henna no meu cabelo, dizendo que ela solucionaria todos os problemas: hidrataria o que estava ressecado, fortaleceria o que estava fraco... Conclusão: aplicaram a tal da henna em mim (que até hoje eu não sei se era henna mesmo ou se era outra coisa) e cortaram meu cabelo bem mais curto do que estava originalmente. Óbvio que eu caí em prantos... E depois mais ainda, porque meu cabelo começou a quebrar assustadoramente e eu fiquei com um resto de cabelo avermelhado, muito ressecado e com aspecto de queimado. Lembro que naquele ano voltei pra escola com um rabicho de cabelo que mal prendia na xuxinha, cheia de vergonha...

      Essa foi a minha primeira tentativa de ficar careca, rs... Só que ainda não havia sido dessa vez!  Não voltei mais naquele salão e esperei minha antiga cabeleireira retornar às atividades. Nem preciso dizer que a partir daí meu cabelo nunca mais ganhou comprimento. Esse foi o "início do fim" e o começo de um grande problema de autoestima que viria se estender durante quase toda a minha adolescência.

      Também foi o início do círculo vicioso da "dependência química" do relaxamento. Todos nós achávamos que algum produto milagroso iria "dar jeito" no meu cabelo e por isso nos agarrávamos em cada novidade que aparecia. Eventualmente, minha cabeleireira de fé encerrou as atividades definitivamente e eu parti para outros salões. A história era sempre a mesma: nos primeiros meses meu cabelo ficava lindo, sedoso, mostrava crescimento. Mas após esse período ele passava a quebrar, ressecar, ficar com aspecto de queimado de sol, com as apontas aloiradas e destruídas. E pra dar jeito nisso, eu vivia cortando, o que resultou em um cabelo cujo comprimento nunca - eu disse NUNCA - passou do pescoço. É claro que entre um salão e outro eu fiquei "quase careca" mais uma vez, mais duas vezes...

      Em determinado ponto, lá pelos 14, 15 anos, eu simplesmente joguei a toalha. Já estava cansada de gastar tempo e dinheiro, de madrugar pra chegar cedo no salão, de ficar horas sentada ferindo meu couro cabeludo com os produtos de relaxamento e com as cerdas das escovas. Por vezes, após a química, eu mal podia deitar no travesseiro de tão machucada que estava minha cabeça, tamanha a gravidade das queimaduras.


      Nesse momento eu ainda não havia decidido o que fazer, só sabia que não queria continuar fazendo o que dava errado. Fiquei uns meses pensando em que jeito daria no meu cabelo quando vi pela primeira a Luciana Mello. Eu nem lembro o que ela falou na entrevista, só sei que fiquei maravilhada pela imagem dela. Pude até me identificar fisicamente com ela pois nós, filhas de um casal interracial, tínhamos traços comuns (a cor da pele, a testa proeminente, o nariz mais largo). Vendo Luciana Mello na TV eu percebi que pra ser bonita não precisaria ter um cabelo liso – afinal, eu poderia ter tranças!

      E foi nesse momento que decidi que queria ter tranças. Como na época não tinha internet, fui pesquisando salões "afro" na lista telefônica mesmo! A busca durou mais ou menos um mês, e eu sempre usava a Luciana Mello com modelo. Dizia “eu quero fazer tranças, quem nem as da Luciana Mello”. Finalmente, depois de achar o bendito salão e passar 15 horas sentada na cadeira, eu consegui realizar o desejo de ter um cabelão”! Saí do salão esgotada mas radiante com as minhas tranças batendo no meio das costas

      E assim se passaram os anos. 16, 17, 18, 19... Com tranças eu podia pular de salão em salão porque não me importava em variá-las... Uma vez fazia mais compridas, outra mais curtas, outra mais grossas, mais finas, coloridas, pretas, vermelhas, loiras... Às vezes elas davam errado e ficavam horríveis, mas era tudo uma questão de dias, porque no dia seguinte eu podia tirar tudo e refazer. Achei que fosse usar tranças pra sempre, porque elas eram ainda melhores que ter um cabelo liso: eu estava sempre pronta, sempre arrumada para qualquer ocasião. Não precisava ter “cuidados” diários – um xampu no fim da semana já dava conta do recado. Eu não saía de casa sem estar com tranças. Quando havia alguma festa, algum evento pra eu ir e eu não tinha refeito as tranças, eu simplesmente não ia. O dia de retirar e o dia de refazer as tranças eram os dois dias sagrados que aconteciam de 4 em 4 meses: eu não marcava nada pra esses dias porque minha vida parava só para fazer isso.

      Lá pelos 21, 22 anos eu comecei a considerar tirar as tranças, depois de ver como meu cabelo havia crescido (já que eu não havia cortado nenhuma vez nesse tempo). As pontas com química simplesmente se foram, elas se desintegraram sozinhas e me deixaram com uma cabeça cheia de cabelo natural. Durante a retirada das minhas penúltimas tranças eu finalmente vi como meu cabelo era de verdade. E mesmo estando bem maltratado, quando molhado ele fazia uma cachinhos muito simpáticos! E foi aí que eu decidi que aquelas próximas tranças seriam as últimas.


      Por sorte, o mesmo salão onde eu fazia tranças cuidava de cabelos afronaturais, então pude ficar em boas mãos, sem pressão para alisar os fios novamente. Comecei a me identificar com o que eu realmente era, com as minhas raízes, com a minha origem. Mas o cabelo ainda não estava 100%. Por falta de tempo, acabei deixando de ir ao salão e passei novamente a cuidar sozinha dos cabelos. 

      Mas dessa vez eu já estava mais preparada. Já era adulta e podia ir às lojas procurar por produtos voltados para o meu tipo de cabelo e experimentar os que eu achasse mais apropriados. Nesse meio tempo, também abusei da minha cunhada, que estava fazendo curso pra ser cabeleireira. Ela me indicou  produtos profissionais de qualidade, alguns dos quais uso até hoje, além de cortar meu cabelo e eu ter a liberdade de poder explicar exatamente o que eu queria que fosse feito.


      Em 2008 passei um bom tempo pesquisando na internet formas de cuidar de um cabelo crespo. Conheci vários sites inspiradores e instrutivosdescobri o que era no poo, low poo, pesquisei sobre tipos de fios, tipos de cachos, estrutura dos fios, ciclos de crescimento, li blogs, vi vídeos, enfim... Entendi porque meu cabelo era do jeito que era e que ele não poderia fazer algo que não foi feito pra fazer. Em outras palavras, descobri que eu não podia tratá-lo do jeito que eu queria que ele fosse, e sim do jeito que ele era.



      E foi nesse momento que fiz as pazes comigo mesma e com meu cabelo. E em outubro de 2008 meus cabelos viram uma tesoura pela última vez. Após uma transição gradual para o low poo, em meados de 2009 já havia abolido completamente os sulfatos e os silicones “insolúveis”. Concomitantemente, apliquei as técnicas de estilização da Teri LaFlesh e seguia as dicas de produtos da minha cunhada, sempre dentro do low poo. E daí pra frente foi só alegria: meu cabelo respondia cada vez melhor.


      Hoje, quase 12 anos depois da minha última química, meu cabelo, quando esticado, está no mesmo comprimento em que eu costumava fazer minhas tranças soltas. Do período das tranças, só fico triste mesmo de não ter dado um pouco mais de atenção aos meus fios originais. Se tivesse cuidado deles naquela época, já poderia estar com o cabelo que tenho hoje há muito tempo atrás. Mas como há males que vem para o bem e a vida é um grande aprendizado, se pudesse voltar atrás na minha jornada, não mudaria uma vírgula
       
      Minha jornada capilar me fez aprender muito mais do que simplesmente tratar dos meus fios... Ela me fez uma pessoa com uma nova perspectiva sobre o mundo e sobre mim mesma.