quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sobre aquilo que precisamos saber


Meu cabelo não é liso.

Meu cabelo não cresce para baixo. Meu cabelo não é escorrido. A raiz do meu cabelo não é baixinha. Meu cabelo não reflete a luz em um brilho espelhado. A textura dos meus fios não é sedosa ao toque. Meu cabelo não voa ao vento como nos comerciais. Meu cabelo também não permite que eu passe os dedos por entre os fios sem que eles fiquem presos. Eu não posso pentear meus cabelos secos com uma escova nem com um pente de dentes finos. Eu não gasto cinco minutos cuidando do cabelo. Eu não posso usar qualquer xampu nem posso ficar sem leave-in. 

O meu cabelo não é liso, mas não é por isso que o meu cabelo é ruim. O meu cabelo não é liso, ele é diferente. O meu cabelo é crespo. 

O meu cabelo tem volume. Tem textura. Tem corpo. Tem molinhas, ziguezagues. Às vezes não tem nenhum dos dois – é apenas um perfeito exemplar de cabelo do tipo carapinha. Meu cabelo faz coisas que um cabelo liso não faz. Ele precisa de coisas que o cabelo liso não precisa. Por isso, ele não pode ser tratado como um cabelo liso. Ele deve ser tratado como o cabelo que ele é. 

Ele não precisa ser transformado em um cabelo liso, até porque essa transformação é impossível. Ela será meramente visual porque, em essência, ele nunca deixará de ser crespo. 


Eu preciso saber que o meu cabelo não é liso. E se o seu cabelo for como o meu, você também precisa saber disso. Mas não basta saber, assim, da boca pra fora, tem que ter consciência disso o tempo inteiro, 24 horas por dia, sete dias por semana. Pode parecer óbvio, mas de tão óbvio às vezes a gente esquece. E a partir daí, criamos expectativas irreais para o nosso cabelo e nos frustramos. De decepção em decepção, nossa autoestima vai ao chão. E pra fazer com que ela se eleve de novo, amiga, é difícil e muitas vezes dolorido... 

Seu cabelo, como meu, precisa de mãos gentis, precisa de paciência, precisa de um pouco de compreensão. Ele precisa, sobretudo, de uma mudança de olhar, de uma quebra de todos os padrões existentes sobre o que é um cabelo bom, um cabelo bonito, um cabelo saudável. 

Todos os cabelos são bons e todos os cabelos podem ser bonitos e saudáveis quando bem tratados. Um bom tratamento se define por dar ao cabelo aquilo que ele necessita. Se os nossos cabelos não são lisos, eles não serão bem tratados se forem tratados como cabelos lisos. E nós não podemos acusá-los de ruins se o que damos a eles não é aquilo que eles querem. 


O seu cabelo não é duro, o seu cabelo não é palha, o seu cabelo não precisa ser domado – ele não está fora de controle. Pare de achar que o seu cabelo não tem solução – ele não é um problema, para início de conversa! Seu cabelo apenas não é liso.

domingo, 12 de agosto de 2012

Crescimento dos cabelos: o que você precisa saber


Como já vim falando em postagens passadas, quem opta pelo cabelo natural costuma ter como principal demanda o crescimento dos cabelos. Todo mundo sonha em ter um cabelo encaracolado, crespo, encarapinhado longo, batendo no meio das costas (ou quem sabe na cintura!).

Só que a obtenção de um cabelo comprido é um daqueles assuntos onde a expectativa geralmente não corresponde à realidade. Primeiro porque muitas meninas idealizam um tipo de cabelo que não é aquele que de fato elas possuem – e por isso, ele não vai se comportar do jeito que elas esperam. Em segundo lugar, nem todo mundo sabe o que é o cabelo e como ele "funciona". Desconhecendo os mecanismos de crescimento capilar, muitas recorrem a estratégias ineficazes, duvidosas e muitas vezes perigosas para a saúde.

Por conta disso tudo, resolvi fazer um apanhado de informações que tenho visto em sites e blogs confiáveis sobre crescimento de cabelos, principalmente os nossos crespos e encarapinhados. Senta que lá vem história!


O que é o cabelo? 


O cabelo, assim como as unhas e a camada mais externa da nossa pele, é composto basicamente por uma proteína chamada queratina. Cada fio de cabelo possui três camadas:

Medulaa parte mais interna, encontrada somente em fios mais grossos. 

Córtex – esta camada intermediária proporciona tanto a resistência ao fio quanto sua cor e textura. 

Cutículacamada mais externa do fio de cabelo, é composta por diversas “escamas”, organizadas de forma sobreposta, como telhas em um telhado. A cutícula serve como proteção ao córtex e à medula, impedindo que a umidade saia do interior do fio, mas também evita a penetração excessiva de água, óleo ou outras substâncias. Em outras palavras, a cutícula é o “escudo” do fio, que impede que este receba as agressões externas, ainda que para isso ela própria as sofra e seja a primeira parte a ser danificada.

No interior do seu couro cabeludo está a raiz do cabelo, que entra em contato com a corrente sanguínea e recebe os nutrientes necessários para o nascimento e crescimento do fio. Uma vez que o fio de cabelo “nasce” ele não mais é alimentado por estes nutrientes, logo o cabelo é um tecido morto. Ele não irá se regenerar como a pele, por exemplo: os danos sofridos serão permanentes. 

As camadas do fio de cabelo
Fonte

O ciclo de crescimento do cabelo 

Os fios de cabelo possuem um ciclo de crescimento. Ele acontece de forma individual: cada fio está em um desses estágios, independentemente dos demais – do contrário, ficaríamos periodicamente carecas! Este ciclo pode ser dividido em três fases: 

Anágenaé a fase de crescimento do fio. A maior parte dos nossos fios (cerca de 80%) costuma estar neste estágio. Ela tem uma duração que varia de um a seis anos. 

Catágenaesta fase dura cerca de duas semanas e compreende o período em que o folículo capilar regride e se prepara para encerrar o ciclo de crescimento do fio ao qual está ligado. 

Telógenaé a fase final, em que o fio de cabelo antigo para de crescer e cai, para dar lugar a um novo fio que começa a nascer em seu lugar. 

Diagrama com as fases de crescimento do cabelo
Original em inglês


Fatos capilares:
  • A taxa de crescimento dos cabelos e a duração das fases de seu ciclo de crescimento são determinadas pela genética.
  • Em geral, o cabelo cresce cerca de um (1) centímetro ao mês. Alguns estudos mostram que os cabelos de indivíduos de ascendência africana crescem levemente abaixo desta média, enquanto que os cabelos de pessoas com ascendência asiática crescem levemente acima e os de origem caucasiana ficam mais próximos desta média. 
  • Considerando que a fase de crescimento do fio dura de um a seis anos, nossos cabelos podem atingir um comprimento terminal que varia de pouco menos de 12 cm a um pouco mais de 70 cm.
  • Todos os cabelos crescem. A não ser que você possua uma doença grave ou deficiência nutricional severa que impeça o funcionamento adequado do seu corpo, seu cabelo continua crescendo todos os dias. 
  • Mas existem diferenças no comprimento terminal que um cabelo pode atingir, dependendo da duração da fase anágena (de crescimento) dos fios. Quanto mais longa a fase anágena, mais comprido poderá ser o cabelo.


Existe algum produto que altere o ciclo de crescimento capilar?

A resposta é NÃO. Não existem óleos, vitaminas, remédios que façam nosso cabelo crescer mais do que a genética permite de forma segura e saudável. 

Tanto os óleos vegetais aplicados diretamente nos fios e no couro quanto as vitaminas e minerais que devem ser ingeridos de forma balanceada através de uma alimentação saudável contribuem para a manutenção do perfeito funcionamento do seu organismo, o que inclui suas unhas e cabelos. Eles ajudam seus fios a crescerem fortes e resistentes, da maneira que devem ser, mas não aceleram o seu crescimento.

Certos suplementos alimentares (vitaminas e minerais extras) auxiliam no tratamento de queda de cabelo, ou seja, eles ajudam o organismo a se regular e funcionar de forma normal (pois cabelo caindo em excesso não é normal!) . Mas o fato de eles serem tratamento para queda não os faz serem uma solução para a aceleração do crescimento. Na verdade, determinadas vitaminas em excesso podem fazer o cabelo cair.

Tônicos capilares, tanto os industrializados quanto as receitas caseiras talvez só proporcionem um efeito placebo. Os tônicos devem conter provavelmente substâncias fortalecedoras dos bulbos capilares e dos fios, e não necessariamente que estimulem seu crescimento. Se fosse assim, todo mundo teria um cabelo na cintura, e sabemos que não é exatamente assim que as coisas acontecem no mundo real...

Remédios só devem ser usados com prescrição médica e para aquilo a que foram destinados. Se você é humano, NÃO deve usar remédio de cavalo. Você também NÃO deve tomar hormônio de forma indiscriminada, sem acompanhamento médico.


“Mas o meu cabelo não cresce!” 

Existe uma diferença entre taxa de crescimento e retenção de comprimento. A taxa de crescimento é aquela que falei mais acima, que costuma girar em torno de um centímetro/mês. É o tanto de cabelo que você vê saindo do seu couro cabeludo e exige que faça retoques da coloração ou alisante, por exemplo. Retenção de comprimento é outra história... Ela não diz respeito propriamente ao cabelo que nasce, mas ao cabelo que permanece. Como assim? 

O nosso cabelo fica exposto a diversos fatores que causam danos à cutícula dos fios e, portanto, contribuem para a quebra. Não só alisamento, relaxamento, tintura: as agressões vão desde a manipulação rotineira (e necessária!) ao lavar, desembaraçar e pentear, passando pelos fatores externos como vento, poeira, sol, até àquelas coisas que não damos importância, como sentar na cadeira e o cabelo prender no encosto, o atrito das pontas dos cabelos nos nossos ombros ou na nossa roupa, as alças das bolsas e mochilas que prendem os fios... Enfim, quase tudo é, em maior ou menor grau, um possível gerador de danos aos cabelos. 

Nós sabemos que o cabelo é um tecido morto, ou seja, ele não se regenera sozinho como a nossa pele, que é vascularizada e, quando machucada, cicatriza. O cabelo é como nossas unhas: quando descamam ou quebram, não resta outra solução a não ser aparar e deixar crescer novamente. Portanto, todos os danos causados aos fios são cumulativos e permanentes, até que o fio de cabelo não resista mais e se parta. 

Com a cutícula destruída e o córtex
exposto, este fio provavelmente irá
se romper na região danificada
Fonte

Pois imagine quantas vezes na vida nós não temos que lavar, pentear, prender, soltar os cabelos, encostar em cadeiras, botar a mochila nas costas ou a bolsa nos ombros... Se tudo isso pode danificar os fios, imagine o tanto de agressões às quais eles já não foram expostos? É por isso que sempre gosto de destacar que as pontas são a parte mais antiga e por isso a mais frágil dos cabelos, já que elas estão encarando todos esses fatores negativos a muito mais tempo do que aquela parte do cabelo que acabou de nascer e está mais próxima à raiz. 

Agora a gente lembra quando reclamava “mas o meu cabelo não cresce!...”. Sim, ele cresce! O que deve estar acontecendo é que, diante dos fatores causadores de danos do dia a dia, o cabelo simplesmente não consegue manter sua integridade e, lentamente, de forma quase imperceptível, ele vai se desgastando nas pontas na mesma proporção em que nasce na raiz. Aquele centímetro que você demora um mês para ganhar lá em cima, junto ao seu couro cabeludo, se perde ao longo deste mesmo mês nas pontinhas – lembre-se que elas são mais frágeis, já estiveram expostas a tudo isso há muito mais tempo e provavelmente já não contam com uma cutícula perfeita, capaz de proteger o córtex do fio. 

Algumas vezes a perda do comprimento é visível a olho nu. Algumas pessoas que penteiam o cabelo seco ficam com centenas de pedacinhos de cabelo nos ombros, normalmente advindos das pontas dos fios. Esses fios quebram justamente em pontos de fragilidade, onde a cutícula está com falhas e o fio de cabelo está menos espesso. Em outros casos, a perda não é notada, no sentido de que mal vemos o tanto de comprimento que estamos perdendo, mas só notamos que "algo" está faltando porque nossos cabelos permanecem "estacionados" em um determinado comprimento.

Se o seu cabelo não pode crescer mais do que a genética determina, você deve focar então em tentar ao máximo manter a integridade dos seus fios para que o crescimento que você obteve seja mantido. E para isso, aqui no blog demos várias dicas como penteados protetores, o método LOC, o uso de óleos vegetais (sim, eu sou repetitiva, mas a repetição é importante!).

Ainda não existe terapia genética para alterar os genes que definem a nossa taxa de crescimento dos cabelos. Por isso, pelo menos por enquanto, a melhor receita é ter paciência, disciplina e curtir cada etapa da sua jornada.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Correndo no seu próprio ritmo


Via Care For Your Hair (tradução minha)

Olá, moças, 

Foi uma questão de tempo até que eu escrevesse algo sobre as Olimpíadas e a sua relevância para os cabelos! Agora eu sei que vou soar muito como a mamãe, a titia, a amiga ou a professora que gosta de encontrar uma lição de moral em tudo... Mas há, honestamente, um pouco a ser aprendido nesses Jogos Olímpicos. 

Sentada na minha sala assistindo os atletas olímpicos se prepararem para as corridas de 100, 200 e até mesmo de 1000m (muito bem, Farah), uma coisa me acertou. O simples fato de muitos deles (embora quisessem vencer) estarem correndo a sua própria corrida. 

Muitos atletas que vieram à imprensa mencionaram diversas vezes a importância de focar em sua própria corrida e não olhar o quão à frente ou atrás os demais competidores estavam... Manter o foco em si mesmo e em seu objetivo. 

Cada vez mais, muitos dos atletas estavam sendo parabenizados por baterem seus recordes pessoais, ainda que não tivessem ganhado a medalha de ouro. 

“Tá bom, então o que isso tem a ver com cabelo?” você diz. Tem a ver com a jornada capilar no sentido de que, sim, muitas de nós somos, agora, naturais e estamos em busca de cabelos longos e saudáveis, mas não devemos desviar nossa atenção de nossas próprias jornadas para prestar atenção em quanto mais o cabelo desta youtuber ou daquela blogueira cresceu em relação ao nosso. Eu garanto que se Bolt tivesse prestado mais atenção nos atletas ao seu redor, analisando cada movimento durante a corrida, ele teria perdido e chegado a lugar nenhum (sim, eu tive de citá-lo: este post não teria relevância nenhuma se não o tivesse mencionado). 

Inspire-se através de outras naturais, mas tenha como único objetivo encontrar o que funciona para você e para o seu cabelo, o que o seu cabelo gosta ou não gosta, e assim por diante. 

Nos esportes, o doping não leva a nada e pode ter mais riscos à saúde do que benefícios... Atletas que se dopam acabam não podendo competir, então pra quê isso?... 

Então para de tentar trapacear para chegar ao final da corrida. Se eu fosse paga pela quantidade de vezes que me perguntaram como fazer o cabelo crescer mais rápido eu conseguiria dinheiro suficiente para ir à cerimônia de abertura do Jogos Olímpicos! Já escutei sobre moças tomando pílulas formuladas para animais ou usando cremes vaginais no couro cabeludo, tudo em nome do crescimento do cabelo... Isso é loucura! Moças, existe uma razão para os cremes serem feitos para usar “lá embaixo”. Eu garanto que se eles fossem cremes milagrosos para crescer os cabelos os médicos já os estariam vendendo assim. 

É melhor comer direito, levar uma vida saudável, adotar práticas de cuidado capilar corretas e o seu cabelo sem dúvida nenhuma florescerá. 

Também adoro o jeito como Jessica Ennis falou sobre bloquear a pressão e as expectativas de outras pessoas e fazer o melhor possível... Felizmente o melhor a levou à medalha de ouro! 

Em relação ao cabelo... Ignore o tipo de cabelo e faça o que você tem que fazer... Torne-se natural. Simples! Não é à força que o seu cabelo ficará do mesmo tamanho e volume de outra natural já no 2º ano de sua jornada. Não sucumba às pressões desnecessárias, apenas aproveite cada momento. Haverá tempos em que você vai desejar que seu cabelo estivesse como no início, quando você usava menos produtos e economizava mais dinheiro... Acredite. 

No mais, moças, corram suas próprias corridas não só no que diz respeito aos cabelos, mas em todos os aspectos de suas vidas e com certeza vocês colherão os louros disso tudo.

***

Apesar de ter me desviado um pouco do assunto crescimento dos cabelos nas últimas postagens, resolvi voltar ao tema depois de perceber que muitas meninas andam meio decepcionadas com suas jornadas capilares - e essa postagem caiu como uma luva para o momento! Na verdade, a gente acaba criando expectativas que não correspondem à realidade e para atendê-las por vezes acabamos recorrendo a métodos duvidosos e perigosos para a saúde.

Como blogueira defensora e dona de um cabelo natural prefiro nem citar os nomes dos medicamentos "da moda" para fazer crescer o cabelo, apesar de a maioria já saber quais são, inclusive estar ciente de que foram formulados para uso veterinário. Limito-me a reforçar minha opinião de que eles não devem ser usados em hipótese alguma na sua cabeça e que se alguém lhe recomendar utilização, FUJA!

Sua jornada em busca do cabelo natural não é uma prova de velocidade, é uma maratona que dura a vida toda - devagar e sempre!

domingo, 5 de agosto de 2012

Dando uma geral nos acessórios




Acessórios para o cabelo são tudo o que há de bom neste mundo! Eles seguram nossos penteados e dão uma alegria ao visual naqueles dias em que o cabelo não colabora muito. Pra quem é uma colecionadora de acessórios, como eu, é fácil perder a noção de quantos temos e em que estado eles se encontram. Por isso, de tempos em tempos, é bom dar uma geral na sua gaveta e se desfazer daqueles que estão com problemas. 

Depois de muito adiar este momento, acabei fazendo isso há alguns dias atrás. Percebi que um monte de coisa poderia ou deveria ir para o lixo, mas antes de me despedir delas tirei umas fotos mostrando os defeitos ou danos mais comuns de acontecerem com os nossos acessórios para cabelo. 

Elástico revestido tradicional ("xuxinha")
Eu costumo usar dois tipos de elástico para cabelos (ou xuxinhas, como queiram chamar). Um é o tipo mais comum (foto ao lado), mas sem partes de metal, que podem enroscar e arrebentar seus fios.
Outro tipo de elástico para cabelo que gosto muito é este que parece uma rosquinha-trança (abaixo). Ao mesmo tempo em que são firmes, são muito flexíveis e seguram o cabelo sem precisar dar voltas. Apesar desta qualidade, preciso dizer que não gosto de manter este tipo de xuxinha por muito tempo nos cabelos porque ela tem uma área bem maior para “roubar” a hidratação dos meus fios. Eu restrinjo o uso deste acessório a rabos de cavalo e por períodos mais breves de tempo. 

Elástico rosquinha em estado natural e esticado

Acredito que o problema mais comum que vejo acontecendo com meus elásticos de cabelo tradicionais se deva ao fato de, antes de colocar qualquer elástico, eu sempre (SEMPRE!) embebo-os em óleo vegetal, para evitar que o revestimento do elástico absorva a hidratação dos meus fios e que ele se enrosque, embaraçando o cabelo. Com o tempo, o elástico propriamente dito (esse que fica coberto pelo revestimento de tecido) começa a derreter e a sair pela trama do revestimento quando eu o estico. Isso é muito perigoso para os nossos fios, já que o elástico meio derretido vira uma coisa grudenta, que fatalmente irá colar nos cabelos e será difícil de sair. 

O elástico derrete com o tempo... Eca!!!

Outro probleminha comum é o rompimento do elástico interno das xuxinhas, sem que o revestimento arrebente junto. Este não chega a causar grandes danos para os fios, mas eu, particularmente, não gosto de usar xuxinhas parcialmente arrebentadas porque elas perdem elasticidade e ficam mais frouxas. Esse problema também ocorre com as minhas faixas de cabelo produzidas no mesmo material das xuxinhas. 


Então, antes de usar seus elásticos mais velhinhos, dê uma esticada neles e verifique se o elástico interno se mantém íntegro e guardadinho lá dentro do revestimento. Se estiver arrebentado, avalie se é possível continuar usando o acessório. Se ele começar a sair através do revestimento, é hora de ir para o lixo! 

E falando em faixas, percebi que uma delas estava “quebrada” justamente no lugar onde as duas pontas se unem e colam uma na outra. Essa foi imediatamente da foto para o lixo porque não tem salvação: o cabelo pode enroscar nessa rachadura, que é justamente na parte mais rígida da faixa, e quebrar. Xô, perigo! 

Perigo! Perigo! Perigo!


Outro acessório que se tornou um vício foi o tic tac. Eu sei que pode parecer infantil, mas confesso que não resisto quando vejo uma cartela à venda. E quanto mais colorido e estampado, melhor! Na minha arrumação da gaveta de acessórios, tive que me desfazer de alguns que estavam meio enferrujados ou descascados. Uma dica para deixar seus tic tacs em ordem é mantê-los na cartela, de preferência aos pares.


Antes de comprar flores para o cabelo, observe que tipo de presilha elas possuem. Dê preferência àquelas que tem presilhas tipo bico de pato achatado ou tic tac. Quando as presilhas mostrarem sinais de ferrugem, despeça-se da sua flor e mande-a para o lixo (ou, se você for habilidosa, pode tentar arrancar a presilha ruim e colar uma nova em folha no lugar). 


Muito cuidado com flores que são ao mesmo tempo enfeites de cabelo e broches, porque estas costumam vir com os dois tipos de presilha: o bico de pato e o alfinete do broche. Este alfinete também pode enroscar nos seus fios e ocasionar quebra, por isso, se você gostou muito da flor, pode tentar remover a presilha do broche. 

Alfinete de broche na flor de cabelo
é um perigo...


Alguns acessórios amigáveis aos nossos cabelos crespos e encarapinhados são os clipes de cabelo. Eles podem não servir para enfeitar a sua cabeça, mas são muito úteis na hora de manter o cabelo repartido em seções, ou ainda, segurar seus fios longe do seu rosto enquanto secam. Eu tenho dois tipos aqui: um pequeno, bom para segurar o cabelo em seções menores quando está molhado, e um grande, que uso mais com o cabelo seco e que, devido ao tamanho, consegue prender todos os meus fios de uma vez só. 

Clipe pequeno.
Ótimo para separar os cabelos em seções!
Clipe grande.
Ele é discreto e tem um formato bonito, por isso levo um
sempre na bolsa, caso eu queira prender os cabelos

Preste atenção aos sinais de “aposentadoria” dos seus clipes: quando eles parecerem desalinhados ou as partes de metal enferrujarem, jogue-os no lixo. 

E por fim, não posso esquecer os grampos de cabelo. Existem dois tipos: os grampos comuns e os de penteado. Os grampos comuns são aqueles fechadinhos que dão bastante segurança aos cabelos. Os grampos de penteado são do tipo aberto e servem muito bem àquelas pessoas que possuem muito cabelo e/ou desejam fazer um coque sem apertar muito os fios. 

Fuja dos grampos sem bolinha!

O meu coque de todo dia só existe graças aos grampos. Mas os grampos tradicionais, fechadinhos, comprimiam demais os meus fios e eu sentia que, com o tempo, poderia danificá-los. Por isso, passei a fazer meus coques com grampos específicos para penteado, esses do tipo aberto, e meu coque virou outro: bem mais confortável e sem apertar meu cabelinho. 

Só não cometa o mesmo erro que eu cometi: além de ter comprado grampos loiros (o que não é uma grande questão, já que os grampos ficam escondidos no meio do cabelo), eles também não tem aquelas bolinhas na ponta. E essa dica vale para o outro tipo de grampo também: as bolinhas nas pontas dos grampos são mais seguras para os fios porque, ao introduzir o grampo no meio do cabelo, as pontas deslizam com mais facilidade e não correm risco de arrebentar os fios. Compre sempre grampos com bolinhas e, se por acaso, as bolinhas começarem a sair, jogue o grampo fora. 


E você, há quanto tempo não dá uma geral na sua gaveta de acessórios de cabelo? Sempre é bom abrir espaço para itens novos no seu armário! 



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Tendo dúvidas sobre sua jornada capilar?



Por Bennii Blast do The Culture Pine, via Curly Nikki (tradução minha)

Nós vemos tantas histórias de sucesso dentro do universo dos cabelos naturais que podemos quase nos sentir envergonhadas ou culpadas se temos uma ou outra dúvida sobre nossa própria jornada em busca do cabelo natural. Assim como em qualquer outro aspecto da sociedade, o que a maioria está fazendo é considerado “normal” e qualquer coisa fora deste denominador comum é motivo de preocupação. Bom, deixe-me falar: não há absolutamente nada extraterrestre em ter algumas dúvidas! 

Pode parecer que você é a única experimentando alguns pensamentos negativos, mas adivinhe? Junto com inúmeras outras moças, eu estou na mesma situação que você. Por exemplo, observando uma de minhas irmãs passar tranquila pelo seu dia de lavar o cabelo me desperta todos os tipos de sentimentos de inveja capilar, porque eu sei que vou levar o dobro do tempo que ela levou. Ou, naqueles dias em que perco toda a inspiração para estilizar meu cabelo, eu me lembro daqueles tempos em que ele simplesmente estaria baixinho, do jeito que eu queria. Nem que seja por um momento ou outro eu me pego pensando “e se eu ainda fosse relaxada”... Isso significa que eu me arrependo da minha decisão de ter o cabelo natural? De jeito nenhum!

Nós nos acostumamos a lidar com cabelo relaxado - para muitas de nós a maior parte de nossas vidas -  então é natural que isso possa assombrar nossos pensamentos de vez em quando. O truque é, antes de tudo, relembrar os motivos que nos fizeram optar por uma abordagem diferente em relação aos cuidados com os nossos cabelos. Você viu algo em você mesma quando embarcou nesta jornada que lhe disse “eu sou capaz de fazer isso”. Tente redescobrir sua confiança e não deixe que um dia estranho desvie você dos seus objetivos. Se você sentir que está tendo mais do que algumas simples dúvidas não fique sozinha... Fale com alguém antes de tomar qualquer decisão radical! 

Dúvidas aparecem em qualquer âmbito da vida. Não permita que elas sejam um obstáculo; chegue à raiz da dúvida para ter a chance de decifrá-la e superá-la. Há muitas de nós aqui dentro da comunidade de cabelos naturais apoiando você, então...

Fique firme e se expresse!

***

Quem é que não teve o seu momento de dúvida, não é? Mas altos e baixos fazem parte da vida. Nem tudo é perfeito o tempo todo, nem tudo sai exatamente do jeito que a gente quer. Mas nossa jornada capilar nos mostra coisas que vão muito além dos simples cuidados com a aparência. Conhecer métodos e técnicas adequados aos nossos cabelos acaba se tornando um mero detalhe nesse percurso. A capacidade de lidar com adversidades e buscar saídas criativas para determinados impasses, assim como o resgate da nossa autoconfiança são algumas das importantes lições que nosso cabelo nos ensina.

domingo, 29 de julho de 2012

Dúvidas das leitoras


A postagem de hoje não tem um tema específico. Resolvi fazer um apanhado de várias perguntas que foram feitas nos comentários. De repente a dúvida é comum a várias pessoas e eu, respondendo apenas nos comentários diretamente a quem fez a resposta, não consigo esclarecer a todas as leitoras. Olha só as perguntas que apareceram por aqui:

Quais produtos usar nos cabelos? Quais produtos são bons e quais são ruins? Quais você usa? Quais você indica? 
Para as que estão 100% naturais, com o cabelo completamente virgem e livre de químicas (inclusive coloração) eu acredito que seja necessário um xampu suave, de preferência sem sulfato, um condicionador de consistência grossa, recheado de óleos e extratos vegetais para ser usado com leave-in e uma boa máscara de hidratação. Isso aí é o básico do básico dos cuidados com o cabelo. 
Mas o que é bom e o que não é? Infelizmente só o seu cabelo responderá. Cada cabelo tem um gosto, uma necessidade, uma preferência e, embora existam produtos que agradam a muitas pessoas, eles nunca serão unânimes. 
Justamente por causa disso, eu não faço recomendação nem resenha de produtos. Sim, eu gosto de informar quais os produtos que eu uso ou usei para determinadas técnicas ou procedimentos, mas sempre procuro esclarecer que eles não são obrigatórios para a técnica X ou Y dar certo. Eles dão certo no meu cabelo, mas podem não dar no seu. Contudo, se você está completamente perdida, já pode ter algum parâmetro para começar a pesquisar que tipo de produto usará nos seus fios. 
Os produtos que eu uso você pode ver aqui

Você enxágua os condicionadores do cabelo?
Não.
Todos os condicionadores que eu cito no blog são usados como leave-in. Em outras palavras, eu lavo os cabelos, aplico o condicionador, desembaraçando e estilizando meus cachinhos e não enxáguo: eu deixo secar, como se fosse um creme de pentear comum. E aplico bastante quantidade, o suficiente para fazer aquela “espuminha” e o cabelo ficar com o branquinho do creme. Após secar, o branquinho sai (de fato, após uns 10 minutos de terminada a estilização ele já saiu!). 


Tem problema deixar condicionador no cabelo? 
Depende do condicionador. Depende do seu cabelo. Depende da sensibilidade do seu couro cabeludo e da sua pele. Depende da sua sensibilidade para cheiros. Em teoria, os condicionadores não foram pensados para serem deixados nos fios. Mas para pessoas com cabelos muito crespos e encarapinhados, ele acabou sendo uma solução muito mais eficaz do que os leave-ins normais, já designados para isso. Existem condicionadores que podem ser muito “fortes” para determinadas pessoas, causando irritação, coceira, deixando o cabelo muito pesadão, sem vida ou com resíduos visíveis mesmo depois de seco. Contudo, estes mesmos produtos podem ser ótimos para outras pessoas. Até hoje eu não tive nenhum problema com um condicionador que eu já não tenha tido com algum leave-in comum. 

Quantas vezes na semana devo lavar o cabelo? 
Isso também depende do seu cabelo e da sua rotina diária. Algumas pessoas sentem necessidade de lavar o cabelo todos os dias, o que eu não acho que seja realmente necessário a não ser que se pratique um esporte ou atividade que produza muito suor. Eu não recomendo lavar os cabelos com xampu todos os dias porque isso pode ressecar demais os fios. Se você precisa pratica algum esporte, por exemplo, pode lavar os cabelos com mais frequência usando um condicionador (fazendo a famosa co-wash), e depois prosseguir com sua estilização usual. O xampu pode ser usado uma ou duas vezes na semana, para uma limpeza mais efetiva. 
Eu não pratico esportes e uso o cabelo preso a maior parte do tempo, por isso lavo meus cabelos uma vez na semana, com xampu. Às vezes eu troco o xampu por um condicionador liberado para co-wash

Você segue a rotina de hidratação, nutrição e reconstrução? 
Não.
Por dois motivos: 1) não tenho tempo; 2) acho que meus cabelos não têm necessidades tão previsíveis a ponto de serem atendidas por um cronograma fixo de aplicação de produtos, e principalmente não tem tanta necessidade de proteínas (reconstrução). Prefiro deixar que eles me peçam aquilo que estão precisando. 



Tem alguma máscara de tratamento de marca comercial liberada para no poo ou low poo para indicar?
Bom, eu não sou muito adepta de máscaras de tratamento profundo, como falei acima. De marca comercial bem acessível, dessas de achar em qualquer farmácia ou mercadinho da esquina, eu descobri que a Elsève tem algumas liberadas para a técnica (Reparação Total 5, Liss Intense Extreme, Hidra-Max Colágeno, Solar, Colorvive, Nutri Gloss), assim como a Garnier (Stop Queda, Hidra Cachos). De marcas um pouco mais difíceis de achar ou que só se encontram em lojas de produtos cosméticos tem a Surya (máscaras da s linhas Orgânica de Frutas e Amazônia Preciosa) e a Amend (Anti Age, Eco Therapy)

Umectação é bom? 
Não sei!
Não faço umectações no meu cabelo, nem experimentei fazer. E isso por pura preguiça e procrastinação... Prometo que um dia eu faço! Quem costuma incluir umectação na rotina diz que traz resultados muito bons! 

Não entendi a técnica do LOC. Tenho que enxaguar os cabelos entre os passos L, O e C? 
Não!
O cabelo não deve ser enxaguado entre um passo e outro, ou o propósito da técnica se perde. 
Os cabelos devem começar lavados, ou seja, você higieniza com seu xampu ou faz co-wash, como de habitual, e inicia o LOC do jeito que eu descrevo aqui


Qual a diferença do pantenol para o Bepantol? 
O pantenol, ou d-pantenol, é o princípio ativo do produto comercial de nome Bepantol. 

Como aplico óleo de rícino no cabelo? Ele é muito grosso! 
Óleo de rícino exige mesmo uma certa prática. Você pode diluir o óleo de rícino em outro óleo mais ralinho (óleo de macadâmia, argan, jojoba, linhaça, amêndoas...). Eu aproveito e mato dois coelhos de uma vez só diluindo meu óleo de rícino em um pouquinho de óleo de eucalipto, jojoba e linhaça e colocando algumas gotinhas de óleo essencial de melaleuca (tea tree). Além de a misturinha ficar mais fácil de ser aplicada no cabelo, ela ganha propriedades antifúngicas e antibacterianas, prevenindo e tratando dermatites, ressecamento e descamação no couro cabeludo. 

Qual a quantidade das suas misturinhas de óleos e do borrifador para o passo L do LOC? 
Minhas misturas são todas feitas no olhômetro. Os óleos eu diluo até achar que está numa consistência que eu consiga aplicar no cabelo, sempre priorizando o óleo de rícino que é a estrela da mistura! No borrifador eu ponho uma quantidade de água que sei que será suficiente para molhar todo o meu cabelo e diluo mais ou menos uma colher de chá de glicerina e uma colher de chá de pantenol. 

Por que não pode misturar óleo no frasco de condicionador? 
Porque os cosméticos são formulados de maneira “perfeita”, ou seja, a adição de uma substância estranha pode, com o tempo, deteriorar o produto, trazendo resultados não tão bons ou até prejudiciais aos fios. Como nós não temos como saber se a adição do óleo X ou Y vai influenciar positiva ou negativamente nas propriedades de determinado condicionador ou máscara em longo prazo, é sempre bom misturar o óleo à quantidade de produto que será usada no momento. 


Você usa penteados protetores para fazer o cabelo crescer, mas vai ficar usando eles para sempre? 
Sim e não! 
O penteado protetor me dá a praticidade de não ter que estilizar meu cabelo todo dia pela manhã, antes de sair de casa, porque eu não tenho tempo para isso. Preso em um coque, meu day-after se resume a tirar o lenço de cetim da cabeça – o coque está intacto porque foi protegido pelo lenço durante a noite. 
Quando eu quero sair com visual diferente, tenho alguma festa, evento, enfim, e decido usar o cabelo solto, eu simplesmente solto o coque e uso ele solto. Mas cabelo solto não faz mais parte do meu dia-a-dia. 
Em teoria, o penteado protetor serve para ajudar os cabelos a ultrapassarem algum limite de crescimento que você tenha estipulado. Uma vez além desse ponto, não haveria mais necessidade de proteger o cabelo, pois o objetivo já foi atingido. Como eu sou uma pessoa sem objetivos, eu decidi que quero ver até onde meu cabelo pode crescer – e por isso pretendo continuar com meus penteados protetores em longo prazo. 

O que você faz no seu day-after
Normalmente nada, porque estou quase sempre de coque. Ele não desmancha à noite porque eu sempre – SEMPRE – durmo com lenço de cetim na cabeça. De manhã é só tirar o lenço e o coque está lá, como se nada tivesse acontecido! 
Se estiver usando os cabelos soltos, antes de dormir eu prendo em banding para proteger e ponho o lenço. De manhã, desfaço o penteado protetor que uso para dormir e conserto as pontinhas desmanchadas com um pouco de condicionador e água, como na foto abaixo: 

1. Meu cabelo ainda com banding;
2. A quantidade de condicionador que eu uso por mecha;
3. Só essas pontas serão consertadas, o comprimento não será manipulado;
4. Enluvo as pontas umedecidas com o condicionador e um pouquinho de água;
5. Corro os dedos por entre os fios para separar os cachos;
6. Separo um a um os cachinhos que ainda estão grudados.


Quem pode fazer low poo/no poo
Qualquer um cujos cabelos estejam ressecados, sem vida, aparentando que não respondem a tratamentos e produtos que costumavam dar certo. Pessoas com cabelos cacheados, crespos e encarapinhados, que são, naturalmente, mais ressecados. Pessoas com cabelos muito danificados por processo químicos e com fios mais fragilizados que não resistem a xampus com sulfatos. Ou seja, qualquer um pode fazer low poo ou no poo, basta experimentar! 

O que acontece se alguém que pratica low poo e no poo usar um produto que não é liberado? 
A primeira coisa que acontece é um sentimento muito grande de culpa... 
Ok, é brincadeira (mas tem um fundo de verdade). Depois disso, podem acontecer duas coisas. Pode acontecer nada, pode não fazer diferença usar um produto proibido uma vez. Mas se o produto proibido for usado com muita frequência, com muita regularidade ou de maneira indiscriminada, ele pode causar acúmulo nos fios e deixar o cabelo opaco, pesadão, com aparência de sujo. E para resolver isso, primeiro é necessário parar de usar o produto proibido. Em segundo lugar, é necessário usar um xampu (alguns dizem que tem que ser com sulfato; eu particularmente acho que não precisa ser com sulfato se forem feitas lavagens suficientes e os demais produtos da rotina foram totalmente liberados, 100% silicone free). 

O que você acha de coloração para cabelos crespos? 
Eu acho lindo, um espetáculo, mas sou muito medrosa e não tenho coragem de pintar os meus próprios. Acho que após um procedimento como esse, o cabelo careça de muito mais cuidado e carinho do que um 100% virgem, por isso é uma decisão que deve ser bem pensada antes de ser levada às vias de fato. 

Desembaraçar o cabelo seco, é sério isso? 
Como falei neste post aqui, existem pessoas que não conseguem desembaraçar o cabelo molhadão e cheio de condicionador. Isso só costuma funcionar pra quem tem um certo padrão de cachos mais consistente (meu caso, por exemplo). Para aquelas texturas muito encarapinhadas, que não apresentam cachos, desembaraçar o cabelo seco pode ser uma opção mais fácil e segura do que com o cabelo molhado. Então, se você tem cachos, essa técnica não deve servir, mas se você tem o cabelo carapinha legítimo pode dar uma chance a ela. 

O que você faz para deixar seus cabelos bonitos? 
Faço tudo isso que eu ensino no blog! :D



Tem mais perguntas? Pode mandar pelos comentários ou pela página do Ame seu Crespo no Facebook que, em breve, eu faço outro post de dúvidas das leitoras!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

“Posso tocar no seu cabelo?”


Se tem uma coisa que surpreende a gente é a textura do nosso cabelo real. Depois de tantos anos relaxando, alisando e escutando que ele é duro e parece palha de aço, quando nossos fios naturais começam a aparecer macios, brilhosos e hidratados na raiz, levamos um susto – pro bem, é claro! A nossa vontade de ficar passando a mão nos centímetros de cabelo virgem é quase irresistível porque a diferença é gritante – a raiz natural é infinitamente mais agradável ao toque do que o comprimento esticado e danificado. Quando o cabelo cresce e passamos de vez pela transição, podendo exibir aquela cabeleira 100% nossa, não podemos negar que chamamos a atenção por onde passamos – seja pelo tamanho do “afro” ou pelas incontáveis e minúsculas molinhas que ostentamos. 

Essa textura única não surpreende só a gente, mas a outras pessoas também. Por isso, somos muitas vezes pegas de assalto por alguém querendo colocar a mão no nosso cabelo. Toda natural tem uma história desse tipo para contar e as opiniões sobre o assunto se dividem: algumas não ligam e até acham divertido a curiosidade alheia sobre seus fios; outras detestam e acham uma imensa invasão de espaço alguém querendo tocar uma parte de seu corpo. 

As naturais que não se importam de terem o cabelo tocado se sentem lisonjeadas pela curiosidade, que na maioria das vezes vem seguida de vários elogios. Elas compreendem que cabelo crespo ou encarapinhado natural ainda é novidade para a maioria das pessoas, tanto em termos de atitude e coragem de quem decide usá-lo assim quanto em termos de sensação mesmo (será que é macio? Será que “espeta”? Será que é peruca?). Dessa forma, deixar-se tocar por outro, ainda que estranho, é uma forma desmistificar nossos cabelos e mostrar ao mundo que não somos ETs e que cabelo crespo natural não “morde”, podendo ser tão bonito e saudável quanto qualquer outro. 

Já as que repudiam mãos estranhas nos cabelos costumam se sentir invadidas em sua privacidade ou intimidade. Afinal, o cabelo é parte do corpo delas tanto quanto as pernas, os braços, o rosto – e, se pararmos para pensar, dificilmente encararemos numa boa um estranho abordar a gente na rua para perguntar “posso tocar nas suas coxas? Fora isso, muitas dizem se sentir como um animal de zoológico diante das reações negativas à recusa ao toque. Pois é, muitas pessoas se sentem ofendidas quando lhes negamos o direito de tocar em nossos cabelos, como se tivéssemos a obrigação de deixar! 

"Não toca no meu black!"

Apesar de eu tender mais para o grupo das que detestam mãos alheias nos cabelos, também compreendo e até mesmo concordo com os argumentos das naturais que gostam ou não se importam em terem seus cabelos tocados por outras pessoas. Eu costumo dizer que meu cabelo é só “pavê” e não “pacomê”, ou melhor, só para olhar e não para botar a mão. Mas ao mesmo tempo, eu não ligo que pessoas queridas ponham a mão nele, desde que pedindo permissão e da maneira correta: sem movimentos bruscos, sem correr os dedos por entre os fios, sem desmanchar os cachos, com as mãos limpas e secas... 

Acredito que, quanto às pessoas estranhas, antes de tudo, o toque precisa estar dentro de um contexto, precisa ter uma razão para acontecer. Fora isso, é necessário que se tenha educação e delicadeza no pedido. É muito legal quando uma pessoa nos faz um elogio e em seguida pede para colocar a mão nos nossos fios e podemos perceber que há uma atitude positiva nisso, que reconhece o carinho e a atenção que temos com nossos cabelos. Mas, ao contrário, é extremamente desagradável e ofensivo quando o toque vem sem aviso e percebemos que vem também acompanhado de expressões faciais e verbais de desdém, desqualificação ou repúdio ao nosso tipo de cabelo. 

Se você não gosta que ponham a mão nos seus cabelos, não sinta vergonha de falar. Seu corpo não é propriedade pública: você tem autonomia sobre ele. Agora, se você não liga quando isso acontece, preste atenção em quem põe a mão e de que maneira fazem isso. Não deixe que a sua gentileza se transforme em abuso cometido pelos “odiadores” do cabelo natural, nem lhes dê oportunidade de proferir piadas depreciativas através de você – até porque, com certeza, seus cabelos são lindos e não merecem o péssimo senso de humor de quem acha essas piadas engraçadas.

domingo, 22 de julho de 2012

Dicas para a transição


Um dos grandes problemas enfrentados por quem está passando pela transição do cabelo quimicamente modificado para o crespo ou encarapinhado natural é ter que lidar com a enorme diferença de texturas. Especialmente quando temos cabelos compridos quimicamente tratados e decidimos entrar em transição, um corte radical normalmente está fora de cogitação! Enquanto isso, o aparecimento da raiz encaracolada pode muitas vezes nos fazer sucumbir à "dependência química" já que o volume e o aspecto geral do nosso cabelo fica mesmo muito estranho.

Mas existem formas de administrar esse problema enquanto nos preparamos para o big chop, o grande corte que irá nos libertar dos produtos alisantes e irá revelar a verdadeira beleza dos nossos cabelos. Vamos ver algumas estratégias:

Twists
Já falamos sobre os twists como estratégia de diminuição do encolhimento dos cachos. Eles também são conhecidos como trança de dois ou trança de duas pernas. Têm a vantagem de não necessitarem de calor (o que é muito útil para preservar cabelos já fragilizados pela química). 
Twist-out

Os twists podem ser feitos em cabelos levemente úmidos (nunca encharcados!) ou secos. Em ambos os casos, é interessante que se aplique algum produtos que, além de hidratar os fios, proporcione alguma fixação. (leave-in, condicionador de consistência mais grossa ou gel suave). Os cabelos devem ser deixados em twists até que sequem completamente, por isso muitas meninas preferem fazê-los à noite, antes de dormir, e soltar os fios no dia seguinte pela manhã. O twist-out é o resultado obtido após os twists serem soltos. Dependendo da espessura das mechas que foram enroladas em twists, você poderá obter de ondas largas até um frisado bem pequeno, como na foto ao lado. Quanto você mais separar as mechas no twist-out, mais volume irá obter.

A MsVcharles ensina, neste vídeo, a fazer twists parafuso. O diferencial desta técnica é que você deve dar uma torcidinha em cada uma das mechas antes de enrolar uma na outra. Assim, obtém-se o efeito de espiral e o resultado final serão molinhas bem definidas:


Este vídeo da Naptural85 mostra uma técnica diferente e bem interessante de fazer twists. Ao invés de fazer um twist em uma mecha fina, de forma tradicional, ela separa seções mais grossas de cabelo e começa a fazê-lo apenas em uma parte dessa mecha, acrescentando mais cabelo à medida em que vai progredindo na execução do twist. Isso traz a vantagem de não precisar separar os cabelos para dar volume ao seu twist-out quando o cabelo secar:



Tranças
Como já havíamos comentado, as tranças podem ser uma ótima opção para quem deseja mostrar um pouco mais do comprimento das molinhas sem perder totalmente a textura dos cabelos crespos e encarapinhados.  
Braid-out
Fonte: blog Naturally Obsessed
Por sua versatilidade, as tranças também podem servir para igualar um pouco a textura do comprimento alisado com a da raiz enrolada. Elas  trazem a vantagem de não requererem uma técnica muito apurada para serem realizadas, como muitas vezes enfrentamos com os twists.
Acredito também que, por serem mais firmes, as tranças não necessitem de tantos produtos finalizadores para proporcionarem um look definido quando soltas - o chamado braid-out.
É importante apenas ter cuidado na hora de desmanchá-las (e, novamente o cabelo deve estar 100% seco!). Aplicando um pouco de óleo vegetal nas mãos (pode ser até mesmo o azeite extra virgem) você evita o frizz causado pelo atrito dos seus dedos com os fios. 


Apesar de aparentemente trançar o cabelo ser muito óbvio, existem técnicas diferentes para isso. No vídeo abaixo, vemos como fazer um braid-out tradicional. A MopTopMaven usa determinados produtos, contudo você pode experimentar com alguns dos seus produtos favoritos e ver os diferentes efeitos que eles proporcionam. Tranças grossas como as dela dão um visual mais ondulado, mas você também pode fazer várias trancinhas finas para um resultado mais texturizado:



Abaixo, a Naptural85 mostra uma forma bem interessante de trançar o cabelo para conseguir um efeito quase frisado: ao invés de simplesmente separar mechas finas e fazer tranças individuais, ela separa mechas mais grossas e faz praticamente uma trança embutida, adicionando mais cabelo à medida em que progride no processo de trançar os fios (mais ou menos os que ela fez no vídeo dos twists):



Coquinhos
Os coquinhos, também chamados de bantu knots, são uma boa opção para qualquer tamanho de cabelo e para quem acha que não terá muita habilidade com twists ou tranças. Basta separar o cabelo em mechas e enrolar cada uma em forma de coque, sempre torcendo os fios antes para que eles fiquem com aquele aspecto espiralado.
Bantu knots

Os coquinhos também devem ser feitos no cabelo levemente úmido e retirados após secagem total dos fios. Eles só podem ser um pouco incômodos na hora de dormir por causa do volume, mas você pode descobrir uma forma de "assentar" seus coquinhos que fique confortável no travesseiro.

No vídeo abaixo, vemos a SimplYounique fazendo coquinhos bem pequenos no cabelo. É possível que, neste tamanho, eles não causem tanto desconforto na hora de dormir. De quebra, ainda há algumas opções de penteados para fazer com seu cabelo solto após desmanchar os coquinhos!






Acessórios
Além de fazer os caracóis que faltam aos nossos cabelos apenas com as nossas mãos, podemos ter a ajuda de alguns acessórios específicos para encaracolar os fios, como rolinhos de permanente, bigoudis e curlformers. 

Existem acessórios diferentes para texturizar seus fios mais esticados

Os rolinhos e os bigoudis são relativamente fáceis de encontrar em lojas que vendem produtos para cabelo. Eles são usados para fazer permanente e permanente afro, mas podem ser colocados no cabelo natural para mudar temporariamente a forma dos fios. Existe uma variedade grande de modelos de rolinhos e cada um dá um efeito diferente: cachos abertos, cachos apertadinhos, molinhas bem pequenas ou espirais mais largas. 
Os curlformers são novidade aqui no Brasil, por isso é provável que custem bem mais caro do que os rolinhos comuns. Ainda que não sejam encontrados em qualquer loja, já existem sites e marcas comercializando produtos similares.
Assim como nos demais estilos, ao aplicar os rolinhos ou curlformers, o cabelo deve estar preferencialmente úmido e com algum produto antes de ser enrolado e só deve ser solto após secagem total. Mas estes acessórios oferecem a vantagem de poderem ser combinados com as técnicas já mencionadas, criando efeitos diferentes, como neste primeiro vídeo, ou intensificando os caracóis em cabelos muito esticados, como no segundo:




Dicas para cachos mais largos
As técnicas anteriores são apropriadas para quem tem cabelo crespo ou encarapinhado. Mas sabemos que algumas naturais tem um padrão de cachos abertos, mais para o cacheado do que para o crespo. Para essas, existem as técnicas das tiras de papel e do coque de meia. Nesses casos, é imprescindível que se use algum produto para fixação, até porque é provável que os fios quimicamente tratados estejam bem esticados e dificilmente segurem-se em um formato diferente por muito tempo. Fazer estes procedimentos à noite e retirar na manhã seguinte é também uma forma de fazer com que os fios fiquem várias horas naquele formato e segurem os cachos por mais tempo.



Todos estes estilos dão um pouco de trabalho para serem executados mas, em compensação, podem durar alguns dias se devidamente conservados (usando um lenço de cetim na hora de dormir e prendendo o cabelo em um coque ou rabo de cavalo bem alto, do tipo "abacaxi", por exemplo), especialmente nos cabelos mais texturizados (muito encarapinhados). Além disso, quando os cachinhos começarem a desmanchar, sempre é possível fazer um penteado ou usar acessórios decorativos e transformar um cabelo meia-boca em um look descolado.

Por isso, não se desespere na fase de transição! Existem formas de passar por ela sem ter que fazer um corte radical logo de cara, ou ainda de ficar escrava da escova e da chapinha, que além de não trazerem um resultado tão bom, podem prejudicar o seu cabelo novo em crescimento.