quinta-feira, 26 de abril de 2012

Inspire-se!

Não sabe o que fazer com a cabeleira? Está cansado do mesmo visual todo dia? Sua rotina capilar está monótona? Sua criatividade parece ter se esgotado?

Seus problemas acabaram!






Essas e outras imagens inspiradoras você encontra em hi-imcurrentlyobsessed
Aproveite!

domingo, 22 de abril de 2012

Desembaraçando o cabelo seco



Desembaraçar o cabelo não é tortura, nem deve ser transformado em algo sofrido. O bom desembaraçar é a união de técnica correta com instrumento correto e atitude correta.

A recomendação padrão para desembaraçar o cabelo costuma ser: "faça o procedimento com os cabelos molhados e com bastante condicionador". Para as encaracoladas-encarapinhadas (ou kinky-curlies) como eu, este método pode ser o mais eficiente – ou o único possível, no meu caso em particular.

Mas o cabelo muito encarapinhado, aquele que não faz cachos, pode embolar ainda mais quando tentamos desembaraçá-lo molhado. Por isso, as donas de carapinhas respeitosas podem experimentar desembaraçar o cabelo seco.
Apesar de isso ir contra tudo o que se lê e se aprende durante a vida, deixa eu esclarecer: cabelo seco pode ser entendido de várias maneiras. Mas "cabelo seco" não significa, necessariamente, cabelo sem nenhum produto. Ao desembaraçar o cabelo seco, podemos lançar mão de um condicionador e/ou de óleos vegetais. A aplicação de algum produto nos fios, mesmo que secos, ajuda a deslizar o pente ou os dedos e facilita o trabalho, além de auxiliar no tratamento dos fios.
Normalmente, quem opta pelo desembaraçar a seco opta também pelo desembaraçar com os dedos. Isso porque como os fios encarapinhados são superfrágeis, um pente ou escova podem ser por demais agressivos, provocando mais quebra e pontas danificadas.

Óleos podem ajudar
a desembaraçar o cabelo seco

Vamos às regras básicas para um desembaraçar tranquilo:

Tenha paciência
Não desembarace seu cabelo em momentos de estresse ou pressa. Você vai acabar fazendo seus fios de bode expiatório, descontando neles a sua raiva ou nervosismo – e os pobres coitados não tem nada a ver com a história, no fim das contas!

Divida o cabelo em seções
Quanto mais seções, mais fácil será o pentear. Nunca separe suas seções “rasgando” seus cachos: respeite seus fios e divida onde eles querem se dividir (mesmo que as seções fiquem de tamanhos diferentes). Se ele não quiser se separar de jeito nenhum, delicadamente segure a metade de cima da mecha que você quer dividir e, lentamente, desfaça o embolado que ficar com a outra mão, até que as duas partes do cabelo se separem.

Comece pelo fim
Se você começar enfiando o pente logo na raiz, provavelmente não vai conseguir sair do lugar porque os nós vão formar um verdadeiro “bolo”, simplesmente intransponível. Sempre comece a desembaraçar seu cabelo pelas pontas. Quando elas já estiverem desembaraçadas, mova seu pente, escova ou dedos um pouco mais pra cima e desembarace este trecho também. Faça isso sucessivamente, sempre “subindo” pelo comprimento do cabelo até chegar à raiz.

Vá por partes
Você não dividiu seu cabelo em várias seções à toa. Trabalhe com uma seção de cada vez e, quando ela estiver desembaraçada, prenda-a para que os fios não voltem a se embolar (pode ser num coquinho, uma trança frouxa ou twist, tanto faz). Se você estiver desembaraçando e estilizando ao mesmo tempo para um estilo "afro" ou "black power" talvez não vá querer prender a seção para não destruir o resultado. Nesse caso, tente não mexer mais no cabelo que você acabou de desembaraçar e passe para a próxima seção sem perturbá-lo muito.


Ainda não acredita que cabelos encarapinhados podem ser desembaraçados secos? Então olhe este vídeo da Cipriana, uma das Urban Bush Babes, desembaraçando seus longos cabelos (secos) usando apenas os dedos:


Apesar de o vídeo estar em inglês, acredito que dê pra entender, através das imagens, como a Cipriana manipula o cabelo. Ela prefere começar a desembaraçar os cabelos pela raiz porque sempre usa os fios presos - logo, a parte que realmente estará embaraçada será apenas aquela próxima à raiz; como o comprimento, a bem dizer, já está livre de nós, não corre o risco de causar aquele "efeito bololô" de juntar todos os nós em determinado trecho do cabelo. Repare que ela separa mechas bem finas para desembaraçar e separa praticamente fio a fio, sem "rasgar" a mecha de cabelo, trabalhando com muita paciência os nós mais difíceis e sempre saturando os fios com óleos (neste caso, uma mistura de óleo de rícino, jojoba, coco, entre outros).

É importante dizer que a Cipriana usa o cabelo 100% do tempo, preso em estilos protetores. Basicamente, ela faz vários twists no cabelo (todos bem finos porém frouxos) e depois faz um penteado - que não costuma ser nada comedido, como podemos ver no vídeo. Por conta destes cuidados, o cabelo da Cipriana, apesar de superencarapinhado, conseguiu atingir um comprimento incrível. Mas a Cipriana e os penteados protetores merecem, cada um, uma postagem exclusiva, em detalhes...

Por enquanto, se você tem cabelo encarapinhado e não consegue lidar com ele molhado, experimente manipulá-lo seco, desembaraçando os fios antes de lavar e em seguida lavando-os presos em twists largos ou tranças. Talvez o seu processo de estilização fique muito mais fácil a partir disso.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Políticas capilares

Angela Davis, ativista do movimento negro americano


Com certa frequência, vemos nos meios de comunicação alguma notícia envolvendo a combinação discriminação + cabelos. Em dezembro de 2011, vimos o caso da estagiária assediada pela diretora da escola onde trabalhava por conta de seus cabelos crespos e de sua aparência corporal, considerados inadequados para aquela instituição de ensino. Mais recentemente, em março deste ano, uma aluna foi abordada e impedida de entrar em uma universidade no Pará pelo fato de seu cabelo e suas roupas serem “impróprios”. E fora os casos que chegam ao conhecimento do grande público, com frequência sabemos de alguém que precisou modificar os cabelos com o intuito de se encaixar no perfil de entrevistas e seleções de emprego – seja cortando baixinho, no caso dos homens, ou alisando, no caso das mulheres.

A estagiária Ester Cesário

De onde vem essa ideia de que o cabelo crespo ou encarapinhado não é apresentável ou formal o bastante para um ambiente de trabalho ou acadêmico? Parece que, enquanto negros, nossa “boa aparência” só é obtida disfarçando ou escondendo algo que nos identifica como aquilo que somos. Nós, negros, nunca estamos “prontos”: precisamos sempre ser ajeitados, ajustados, para nos inserirmos em determinados meios sociais. Será que somos “naturalmente inadequados”?

É chocante que esse tipo de fato aconteça ainda nos dias de hoje, e em um país como o nosso, onde a população é majoritariamente negra e miscigenada. Nesta suposta democracia racial em que vivemos, nossos cabelos naturais não deveriam ser motivo de estranhamento ou exclusão. Se são, é sinal de que essa democracia não é “tão democrática” assim...

Eu acredito que nossa aparência externa é uma espécie de mensagem visual que sinaliza para os outros algo daquilo que somos. Por mais que neguemos, nossas escolhas estéticas refletem sim, em parte, características da nossa personalidade. O mesmo vale para o nosso cabelo. Eu sei que eu não sou o meu cabelo (ele não me define totalmente, não esgota todas as possibilidades sobre quem eu sou), mas também sei que meu cabelo diz muito sobre mim. 


Por isso, eu considero nossos cabelos como que uma afirmação daquilo a que viemos. Se nossos cabelos naturais são motivo não apenas de olhares de reprovação e comentários de mau gosto, mas chega ao extremo de virar caso de polícia, como vimos nas histórias destas duas moças citadas, então eles não são uma mera questão estética ou de gosto pessoal: nossos cabelos são uma questão altamente política. Optar pelo natural e sustentar essa decisão é, portanto, também escolher entre conformar-se ou afirmar-se.

domingo, 15 de abril de 2012

Qual é o pente que te penteia?



Um dos grandes problemas enfrentados pelas naturalistas é o embaraço dos cabelos. Quem não passou, na infância, pelo sofrimento na hora de ser penteada pela mãe, pela avó ou pela tia? Para algumas chega a ser a lembrança de verdadeiros momentos de tortura... Quantas de nós não tivemos nossas madeixas alisadas sob o pretexto de facilitar o trabalho na hora de desembaraçar os fios?

Depois de tantos anos nos esquivando dos nossos cabelos naturalmente crespos e encarapinhados, pode ser complicado reaprender a desatar nossos nós. Por sorte, hoje em dia temos instrumentos que facilitam a nossa vida.
 
 
Pente de dentes largos
O clássico dos clássicos, o acessório básico no kit de qualquer pessoa com cabelo cacheado, crespo ou encarapinhado. Existem diferentes modelos, diferentes materiais e diferentes tamanhos. Tem a vantagem de ser facilmente encontrado em praticamente qualquer loja que venda acessórios para cabelo, drogarias, mercados, lojas de departamento... Você pode fazer uma coleção de pentes em casa, só por diversão!
 
Existem vários modelos de pentes de dentes largos
 
Pente de dentes duplos
Esse, particularmente, é um dos meus favoritos para desembaraçar o cabelo. Embora seus dentes não aparentem ser tão largos como um pente comum, o fato de serem dispostos de forma diferente, em fileiras paralelas mas de forma intercalada, o torna um acessório bem eficiente para pentear o cabelo encaracolado-encarapinhado. Também é bem baratinho e muito fácil de encontrar em supermercados e perfumarias. 
 
Pente de dentes duplos
 
Escova Denman
Escova para desembaraçar cabelo crespo? Não se assuste: a Denman é a queridinha das crespas e cacheadas pelo mundo. Possui cerdas plásticas encaixadas em uma “almofada” de borracha e dispostas de uma maneira que funcionam quase como um pente. Devido ao seu formato, facilita a formação de “fitas”, que nada mais são do que as mechinhas que, devidamente separadas e definidas, formarão os cachinhos individuais do seu cabelo. A Denman original só é vendida no exterior, mas pode ser importada através da internet. Aqui no Brasil, a ProArt lançou uma escova muito similar à Denman. Quem já usou as duas conta que a versão nacional é mais leve e possui algumas diferenças estéticas em relação à original. De resto, parece que fazem o mesmo efeito.  
 
A escova Denman original tem almofada
de borracha antiestática e peso
adequado que facilita o manuseio
Modelo da ProArt
 
Dedos
Sim, os velhos e bons dedos também são um ótimo “acessório” para desembaraçar cabelos. Muitas naturalistas acham que usar os dedos e não um pente ou escova é a forma mais delicada de pentear os fios, provocando menos quebra e oferecendo um controle maior do que se está fazendo – afinal, você poderá sentir os nós com suas mãos e trabalhar de forma mais cuidadosa caso estejam muito difíceis de desmanchar.
 
Os mais econômicos!

 
Você também pode combinar diferentes instrumentos para desembaraçar o cabelo. Algumas pessoas preferem primeiro desembaraçar com os dedos para tirar os nós maiores e depois arrematar com o pente. Outras, começam com o pente de dentes largos e depois passam para a escova Denman para ajudar na separação dos cachinhos e na formação das fitas.

Meninas em transição devem ter atenção redobrada, pois a junção entre a parte crespa e a parte alisada do fio costuma embolar bastante, fazendo nós realmente difíceis de desmanchar. Vá com muita calma, especialmente se estiver usando pente ou escova. Não desconte sua impaciência nos fios! Se o embaraço estiver demasiadamente difícil, talvez você esteja se aproximando da hora de cortar sua parte alisada... O importante é ter muito cuidado e delicadeza e nunca deixar de desembaraçar seus cabelos por preguiça, por achar que não é necessário ou, ainda, que é uma tarefa impossível.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cachos são o novo liso?


(…) I feel that curls are something like the latest fetish – it’s like there are black girls with great curls all around, advertisement, movies, magazines. And lately it has become a bit like what straight hair used to be-you’ve got to have it.”

“(...) Eu sinto como se cachos fossem o mais recente fetiche – é como se houvesse garotas negras com lindos cachos em todo canto, propagandas, filmes, revistas. E ultimamente isso se tornou um pouco como o cabelo liso costumava ser – algo que você tem que ter.” (Tradução minha)

Taís Araújo e seus invejados cachos
 
Tenho lido recentemente muitas queixas de naturais em transição ou já 100% crespas sobre o fato de o cabelo não cachear como elas esperavam. As que estão em transição ficam apreensivas porque não sabem o que lhes aguarda; as já transicionadas se mostram decepcionadas com a falta de cachos. Isso tudo me trouxe à lembrança esta matéria do site Racialicious que levanta a seguinte questão: os cachos são o novo liso?

A despeito de todo o discurso de valorização dos “cabelos afro”, parece que hoje nos tornamos tão obcecadas por cachos quanto éramos, há alguns anos atrás, obcecadas pelos cabelos lisos. É muito comum encontrar mil e uma dicas para fazer o cabelo cachear: amassar com gel, secar com difusor, fazer plopping, apelar para o dedoliss... E quando depois de tudo isso ainda não conseguimos cachos, jogamos a toalha e decidimos voltar ao relaxamento ou ao permanente afro.

Mesmo com todas as técnicas do mundo, o cabelo puramente encarapinhado não cacheia nem cacheará sozinho. Nós já sabemos que o fio de cabelo, quando analisado individualmente, pode ter formato de “S”, “Z”, “O” (molinhas) ou “I”. O fio em “I”, quando não encarapinhado, é o tão desejado cabelo liso. Já quando ele é encarapinhado, ganha o estigma de cabelo Bombril... Será justo classificar um cabelo como ruim apenas por sua natureza ser diferente daquela propagandeada pela grande mídia? Afinal, será mesmo essa a “valorização” que buscamos para nossos cabelos – e para nós mesmas?

Ao contrário do que se pode pensar, e daquilo que os meios de comunicação parecem tentar nos convencer, o cabelo encarapinhado genuíno é extremamente versátil. Ele segura muito bem diversos estilos, como tranças rasteiras e soltas, twists, twist outs, dread locs (tudo isso sem a necessidade de gel ou fixador!), e acessórios como contas, tererês, faixas, flores (que não “escorregam” com o passar do dia ou da noite). Quando devidamente cuidado, ele atinge comprimentos incrivelmente longos, como qualquer outro tipo de cabelo. Só que, apesar da versatilidade, ele é muito, muito frágil. Por isso, pense bastante antes de optar por ou retornar à química. Pode ser que o problema não seja o seu cabelo e sim algo que está dentro da sua cabeça...

Eu acredito que todas as belezas devem ser celebradas. O cabelo encarapinhado é belo e tem suas particularidades que, quando respeitadas, fazem com que ele mostre o máximo de seu potencial.